Quando precisa, cadê a GLO?
Megaoperação no Rio de Janeiro sem apoio das Forças Armadas mostra que operações de Garantia da Lei e da Ordem viraram artigo de luxo no Brasil
As operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), que devem ser decretadas pelo presidente da República para ajudar estados que não conseguem controlar suas crises, viraram artigo de luxo no Brasil.
Elas perderam a utilidade.
Tornaram-se peças para ostentação, cujo objetivo é apenas causar impressão nos outros.
Quando são finalmente empregadas, elas não têm efeito prático.
Foi assim quando, no final de 2023, o governo Lula mandou os militares passearem em portos e aeroportos, lugares que seriam "espaços com grande atuação das organizações criminosas, com fortes repercussões em metrópoles brasileiras”.
Naquela ocasião, blindados foram estacionados ao lado de navios, soldados ficaram de prontidão no Museu do Amanhã, fuzileiros entraram em escritórios para monitorar o entra e sai de funcionários, mergulhadores inspecionaram cascos de embarcações.
Tudo, claro, foi registrado e publicado nas redes sociais.
Foi assim também quando, em 2022, o governo Jair Bolsonaro pensou em uma GLO para impedir a posse do presidente eleito, Lula, após ser derrotado nas urnas.
Nada disso era necessário.
Quando a necessidade aparece, a GLO nem sequer é cogitada.
Uma megaoperação policial para prender membros do Comando Vermelho foi deflagrada nesta terça, 28.
Cerca de 64 pessoas já morreram e 81 foram presas.
O governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro, foi ao microfone reclamar que não estava recebendo ajuda das Forças Armadas.
"Falaram que tem que ter uma GLO (Garantia de Lei e Ordem). Depois, (disseram) que poderiam emprestar e voltaram atrás, porque o servidor que opera o blindado é federal e deveria ter a GLO, enquanto o presidente já falou que é contra a GLO", disse Castro.
O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, mandou uma nota para a imprensa cheia de estatísticais sobre operações contra o crime organizado no passado.
"De janeiro de 2023 a outubro de 2025, foram: 3.082 veículos recuperados; 13.961 munições apreendidas; 172 armas curtas apreendidas; 72 fuzis apreendidos; 8.250 pessoas detidas; R$ 3.240.201,00 apreendidos (de origens ilícitas); 29.5 toneladas de maconha apreendidas; 3.9 toneladas de cocaína apreendidos; 73.990 unidades de drogas sintéticas", diz a nota do Ministério da Justiça.
A numerália mostra que o Ministério está muito mais preocupado com a sua própria imagem do que com o caos no Rio de Janeiro
No final da tarde de terça, 28, o governo Lula ainda não tinha decretado uma GLO.
Quando a briga rola no morro, as Forças Armadas preferem ficar bem protegidas nos quartéis.
Mas, quando é para fazer pose em porto e aeroporto, torcem até para renovar o mandato.
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