Presidentes americanos foram os primeiros a gravar reuniões
A gravação da reunião ministerial de Jair Bolsonaro, liberada nesta sexta-feira,9, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), é a prova mais contundente que ele de fato planejava um golpe de Estado, com o auxílio da cúpula militar no seu partido. As gravações, um tanto raras no Brasil, são mais comuns nos EUA, onde a prática já...
A gravação da reunião ministerial de Jair Bolsonaro, liberada nesta sexta-feira,9, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), é a prova mais contundente que ele de fato planejava um golpe de Estado, com o auxílio da cúpula militar no seu partido. As gravações, um tanto raras no Brasil, são mais comuns nos EUA, onde a prática já foi adotada por diversos presidentes
O primeiro presidente a gravar suas próprias rotinas dentro da casa Branca foi Franklin Delano Roosevelt, que gravou 11 semanas de entrevistas e coletivas de imprensa no ano de 1940. O mais longevo presidente americano usou de um gravador RCA embaixo do salão oval para gerar conteúdos — mas a máquina, funcionando ininterruptamente, gravou também conversas privadas de FDR. As conversas — para a sua sorte ou não — só foram descobertas em 1978.
Presidentes diferentes gravavam suas falas, reuniões e pensamentos dentro da Casa Branca por razões diferentes. John Kennedy, que comandou o país de 1961 até sua morte em 1963, queria guardar suas memórias para o futuro — talvez para escrever sua biografia, ou simplesmente porque sabia que era importante. Seu vice, Lyndon Johnson, gravou até a sua posse no avião, no dia da morte de Kennedy— assim como conversas com Martin Luther King e mesmo um pedido de compras para calças novas.
Nenhum caso, no entanto, é mais emblemático que o de Richard Nixon (foto), o 37ª presidente americano de 1969 a 1974. No auge do escândalo do Watergate, um assessor do presidente indicou pela primeira vez, ao Senado do país, que tais gravações secretas existiam. Pressionado, Nixon decidiu liberar as 3.700 horas de áudios gravados em quase metade da sua presidência.
A fita 741-2, revelada mais tarde e que passou à história como a "Smoking Gun" ("arma fumengante"), gravou o presidente e seu assessor detalhando a espionagem contra democratas, assim como interromper a investigação. A fita destruiu qualquer apoio a Nixon, que renunciou ao cargo três dias após a gravação se tornar pública.
O caso mais recente que se tem notícia é da gestão de Ronald Reagan (1981-1989), que gravou reuniões com outros chefes de Estado — mas as gravações foram descobertas décadas depois, via Lei de Acesso à Informação. Mais recentemente, em 2017, quando demitiu o chefe do FBI James Comey, o então presidente Donald Trump o ameaçou no Twitter o ex-diretor: "James Comey, espero que não haja 'fitas' de nossas conversas antes que ele comece a vazá-las para a imprensa."
Já no caso brasileiro da vez, Bolsonaro deixa transparecer que não sabia que a reunião estava sendo gravada. “Igual aqui, se for gravado. Problema meu se vai ser divulgado ou não”, comentou quando falava sobre uma outra reunião ministerial que complicou sua vida.
Na capa da Crusoé desta semana: A um passo de Bolsonaro
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Comentários (1)
100413CAIO02
2024-02-10 11:49:56Como Bozo gosta de imitar os gringos, se ferrou de verde-amarelo com a gravação da tal reunião do golpe. É um idiota mesmo!