Precisamos falar sobre o Congresso
União entre direita, esquerda e Centrão na Câmara e no Senado deixou os brasileiros do lado de fora da festa
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Na última eleição para as presidências da Câmara de Deputados e para o Senado, partidos de direita, de esquerda e do Centrão se uniram em torno das candidaturas de Hugo Motta e de Davi Alcolumbre (na foto, com o presidente Lula).
Os eleitores brasileiros, contudo, não foram convidados para essa festa.
O Congresso é a instituição que os brasileiros menos confiam.
Uma pesquisa da AtlasIntel com 817 respondentes, feita entre os dias 11 e 13 de fevereiro, mostrou que 82% das pessoas não confiam no Congresso.
Somente 9% confiam.
Último lugar
Em uma lista de instituições, o Congresso ficou em último lugar.
A Polícia Federal é a instituição mais bem considerada pelos brasileiros (53% confiam e 32% não confiam).
Em seguida, vem a Polícia Militar (50% confiam e 38% não confiam).
Piora nos últimos anos
A desconfiança no Congresso vem aumentando desde abril de 2023. Naquele momento, nos primeiros anos do governo Lula, a desconfiança era de 49%. Subiu para os atuais 82%.
Em contrapartida, a confiança no Congresso caiu de 34% para 9% desde abril de 2023.
Explicação
A pesquisa da AtlasIntel dá algumas dicas sobre os motivos que derrubaram a aprovação do Congresso nesses dois anos.
Cerca de 71% dos brasileiros é contra a mudança para o semipresidencialismo, que tem sido aventada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta.
A manutenção do controle do Congresso sobre emendas parlamentares impositivas é rejeitada por 50% dos brasileiros.
Outro dado: 83% dos brasileiros é contra a redução do prazo de inelegibilidade para políticos enquadrados na Lei da Ficha Limpa.
O projeto, de autoria do deputado Bibo Nunes, do PL, pretende reduzir a pena de oito anos para dois.
Aumento, nem pensar
A AtlasIntel também perguntou se as pessoas eram a favor de aumentar o número de deputados federais.
A resposta foi acachapante: 97% dos brasileiros responderam que são contra.
Cerca de 3% afirmou que não sabe.
A favor, ninguém.
Representatividade
Em outro levantamento, a AtlasIntel perguntou se os brasileiros se sentiam representados pelo Poder Legislativo (Congresso, Assembleias Legislativas).
Cerca de 44% afirmaram que se sentem "nada representados".
Outros 21% responderam que se sentem "pouco representados".
E somente 7% afirmaram que se sentem "muito representados" ou "representados".
"Há um descompasso entre as prioridades legislativas em Brasília e as demandas concretas dos cidadãos. O resultado da pesquisa sugere um claro descontentamento com as articulações políticas em curso, que, mais do que atender a interesses coletivos, parecem focadas na consolidação de poder dentro das próprias casas legislativas, sobretudo no contexto da sucessão nas presidências da Câmara e do Senado", diz Yuri Sanches, diretor de análise política da AtlasIntel.
"A necessidade de garantir a governabilidade e sustentar alianças partidárias faz com que as lideranças políticas priorizem acordos internos e articulações estratégicas, muitas vezes em detrimento das expectativas populares. Isso gera uma percepção de que a influência popular nos rumos do Legislativo é diluída pelas dinâmicas do jogo político. E recuperar a confiança da população passa por afinar essa sintonia e olhar para os temas mais urgentes da sociedade", diz Sanches.
Assista ao Papo Antagonista:
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Comentários (4)
Sônia Adonis Fioravanti
2025-02-19 14:02:02O congresso virou um esgoto pútrido
Carlos Renato Cardoso Da Costa
2025-02-19 12:48:46E, no entanto, nossos parlamentares criaram um sistema eleitoral que lhes permite ignorar a vontade popular e continuar se reelegendo às custas de puxadores de votos populares
Importante a pressão sobre os Congressistas - são eleitos como nossos representantes mas cada um preocupado prioritariamente com privilégios, manutenção no poder, sempre em causa própria. O descaso na defesa da Lei da Ficha Limpa, por exemplo, coloca em cheque grandes (mas escassos) nomes. Lei da Ficha Limpa - conquista Popular, deve ser defendida. Aliás, a partir do que andam pretendendo fazer, penso que devemos, sim, lutar por uma alteração - político que pisar na bola, que cometer estelionato eleitoral, qualquer comprovada irregularidade, deve ser declarado inelegível para sempre - oito anos ainda é presente para a malandragem.
Andre Luis Dos Santos
2025-02-17 16:21:40O grande problema é que suas excelências estão CAGANDO e ANDANDO pra opinião publica. O Brasil é uma falsa republica.