Por que os europeus se encontraram com líder terrorista da Síria
Evitar proliferação do Estado Islâmico, de armas químicas e o fornecimento de petróleo e gás natural são temas que interessam aos países ocidentais
O chefe do grupo terrorista Hayat Tahrir al-Sham (HTS), Abu Mohammad Jolani (ou Ahmed Sharaa, na foto, à direita), da Síria, encontrou-se nesta sexta, 6, com a ministra de Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock e com o ministro francês Jean-Noel Barrot (ao centro, na foto).
A visita de alto escalão mostra que os europeus estão preocupados com o futuro da Síria, para evitar a proliferação de grupos extremistas, como o Estado Islâmico, e de armas químicas.
"Entre os europeus, há ainda o interesse de obter petróleo e gás natural da Síria, sem ter de passar pela Turquia. Os europeus se deram conta ultimamente de que a extrema dependência dos recursos energéticos russos é um problema, e que o melhor é ter vários fornecedores", diz Ricardo Cabral, analista militar o site História Militar em Debate.
"A questão hoje basicamente é sobre o fornecimento de petróleo e gás natural."
Comunicado oficial
O governo francês emitiu uma nota oficial falando do encontro desta sexta.
No documento, Ahmed Sharaa é chamado de o "líder de facto das autoridades sírias", embora não esteja no comando do governo transitório.
"Os ministros reafirmaram o desejo de uma transição pacífica e rigorosa que represente a sociedade diversificada da Síria. As autoridades de facto comprometeram-se a uma ampla participação na transição e, em particular, afirmaram que as mulheres farão parte do comité preparatório para uma Conferência de Diálogo Nacional que será iniciada nos próximos dias. A França e a Alemanha ofereceram os seus conhecimentos para apoiar o trabalho constitucional que emerge da conferência nacional", diz a nota.
"Os ministros reiteraram a necessária salvaguarda dos interesses de segurança colectiva, o que passa pela continuação da luta contra o Estado Islâmico, mas também pela prevenção da propagação das armas químicas do regime. Reiteraram a necessidade de pôr fim aos combates no norte da Síria e encontrar uma solução que proteja os interesses de segurança de todos, especialmente os dos nossos parceiros curdos das Forças Democráticas Sírias, ao lado dos quais lutamos contra o Estado Islâmico. As autoridades de facto comprometeram-se a combater o terrorismo, a acolher em breve uma missão da OPAQ (Organização para a Proibição de Armas Químicas) e a trabalhar para proteger a fronteira sírio-libanesa."
O documento também afirma que a França e a Alemanha comprometeram-se a fornecer os seus conhecimentos técnicos em criminologia "para promover a luta contra a impunidade dos crimes cometidos pelo regime de Bashar Assad".
Listas de terroristas
A União Europeia segue duas listas de organizações terroristas.
A primeira respeita as orientações da ONU. Nela, o HTS é considerado terrorista porque trata-se de uma dissidência da Al Qaeda.
Mas o HTS não está na lista autônoma de grupos terroristas da União Europeia, o que permitiu o encontro.
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