Por que os chilenos estão tão otimistas
Sentimento positivo é o maior desde os protestos sociais de 2018
Uma pesquisa feita pelo instituto Cadem, em Santiago, aponta que 59% dos chilenos estão otimistas com o futuro do país.
É o nível mais alto em sete anos.
O dado mostra uma reviravolta desde os protestos de 2018.
Naquele ano, milhares de chilenos foram às ruas, saquearam lojas e enfrentaram a polícia com reivindicações vagas.
Alguns reclamavam dos planos de previdência privados. Outros criticavam o presidente Sebastián Piñera, que alcançou ampla rejeição.
Para acalmar a população, Piñera propôs uma nova Constituição.
Mas o primeiro texto proposto — que falava em Estado plurinacional, fim do Senado e Justiça indígena — foi rejeitado em um referendo.
O segundo texto, elaborado pela direita conservadora, também não passou em uma votação.
Gabriel Boric, o presidente de esquerda que foi eleito na esteira dos protestos de 2018, foi rejeitado logo no início do mandato e desde então nunca recuperou sua aprovação. Atualmente, apenas 37% gostam do seu governo.
Nada disso mostra uma possível solução para aquela situação difusa de 2018.
A pesquisa do instituto Cadem, contudo, mostra uma mudança no humor dos chilenos.
A explicação para essa melhora do cenário pode estar nas próximas eleições.
O segundo turno está marcado para este domingo, 14 de dezembro.
O candidato da direita, José Antonio Kast (foto), aparece nas pesquisas com 57% das intenções de voto.
Jeannette Jara, candidata comunista que conta com apoio do presidente Boric, está com apenas 35%.
Kast, assim, parece ter conseguido unir a maior parte dos chilenos.
Como o voto voltou a ser obrigatório este ano, o elevado índice de Kast pode ser considerado um termômetro mais fiel do que pensa a população.
Essa união, contudo, parece estar ligada à promoção de um inimigo comum, de um bode expiatório.
Após experimentar um aumento nas taxas de criminalidade, os chilenos passaram a culpar os venezuelanos pela situação.
E Kast tem prometido uma política rígida contra os imigrantes venezuelanos, o que está levando muitos deles a migrarem novamente, agora para o Peru.
A pesquisa Cadem também aponta que 72% dos chilenos acredita que há uma crise migratória no norte do país e 82% defendem medidas mais restritivas contra imigrantes.
Quase 70% acham que a chegada de imigrantes faz mal ao país.
E 87% estão de acordo com a exigência de visto para estrangeiros.
Outros 57% defendem o fechamento completo das fronteiras.
Kast soube explorar o sentimento de insegurança da populaçao chilena.
Ao encontrar um inimigo externo, ele conseguiu unificar um país que estava dividido desde 2018.
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