Por que a prévia da inflação desacelerou em março
O IPCA-15 subiu 0,64% em março; a alta havia sido de 1,23% em fevereiro

O IPCA-15, índice que mede a prévia da inflação oficial do país, subiu 0,64% em março, conforme publicou o IBGE nesta quinta-feira, 27.
O resultado representa uma desaceleração de 0,59 ponto percentual em relação a fevereiro, quando avançou 1,23%.
"Todos os nove grupos de produtos e serviços pesquisados registraram variação positiva em março, com destaque para o grupo Alimentação e bebidas, com a maior variação (1,09%) e impacto (0,24 p.p.), seguido dos Transportes (0,92% e 0,19 p.p.). Juntos os dois grupos respondem por cerca de 2/3 do índice. As demais variações ficaram entre o 0,03% de Artigos de residência e o 0,81% de Despesas pessoais", informou o instituto.
A desaceleração do IPCA-15 foi puxada pelo grupo habitação, que subiu 0,37% em março.
Em fevereiro, quando houve forte aumento dos preços da energia elétrica devido ao fim dos descontos relacionados ao bônus de Itaipu, o IPCA-15 avançou 4,34% em fevereiro.
"O resultado da energia elétrica residencial (0,43%) contempla o reajuste de 1,37% em uma das concessionárias do Rio de Janeiro (-0,12%), a partir de 15 de março, sendo a queda registrada devido à redução na alíquota do PIS/COFINS", afirmou o IBGE.
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Cenário adverso
Na ata da última reunião do Copom, divulgada pelo Banco Central na terça-feira, 25, o colegiado comandado por Gabriel Galípolo afirmou que as expectativas de inflação elevaram-se novamente em todos os prazos, "indicando desancoragem adicional e tornando assim o cenário de inflação mais adverso".
"A desancoragem das expectativas de inflação é um fator de desconforto comum a todos os membros do Comitê e deve ser combatida. Foi ressaltado que ambientes com expectativas desancoradas aumentam o custo de desinflação em termos de atividade. O cenário de convergência da inflação à meta torna-se mais desafiador com expectativas desancoradas para prazos mais longos e exige uma restrição monetária maior e por mais tempo do que outrora seria apropriado", acrescentou.
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"O cenário de inflação de curto prazo segue adverso. A inflação de serviços, que tem maior inércia, segue acima do nível compatível com o cumprimento da meta e acelerou nas observações mais recentes, em contexto de hiato positivo. Com relação aos bens industrializados, o movimento recente do câmbio pressionou preços e margens, já materializado em elevação dos preços no atacado, sugerindo ainda repasse para os preços no varejo nos próximos meses. Os preços de alimentos mantêm-se elevados e tendem a se propagar para outros preços no médio prazo em virtude da presença de importantes mecanismos inerciais da economia brasileira", continuou.
Para o Copom, a inflação acumulada em doze meses permanecerá "acima do limite superior do intervalo de tolerância da meta por seis meses consecutivos, contados desde janeiro deste ano".
"Desse modo, com a inflação de junho deste ano, configurar-se-ia descumprimento da meta sob a nova sistemática do regime de metas", concluiu.
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