Por que a Argentina deixou o Grupo de Lima
O Ministério de Relações Exteriores da Argentina anunciou nesta quarta, 24, a saída do Grupo de Lima, o bloco de nações americanas criado em 2017 com o objetivo de encontrar uma saída para a crise na Venezuela. "As ações que o Grupo vem promovendo a nível internacional, buscando isolar o governo da Venezuela e seus...
O Ministério de Relações Exteriores da Argentina anunciou nesta quarta, 24, a saída do Grupo de Lima, o bloco de nações americanas criado em 2017 com o objetivo de encontrar uma saída para a crise na Venezuela.
"As ações que o Grupo vem promovendo a nível internacional, buscando isolar o governo da Venezuela e seus representantes, não deram em nada", justifica o comunicado oficial.
Uma das razões para explicar a decisão da Argentina é que a diplomacia do país, embora esteja sob o comando de Felipe Solá, também precisa atender aos anseios dos outros grupos que integram o governo de Alberto Fernández (foto), como os seguidores da vice-presidente Cristina Kirchner. Os kirchneristas são claramente a favor do ditador Nicolás Maduro.
Além disso, o país entrou em campanha. Em outubro, haverá eleições legislativas. "O ex-presidente Mauricio Macri anunciou que não será candidato ao Legislativo, um indício de que ele poderá se candidatar à presidência no futuro. Com isso, Alberto Fernández está tomando diversas decisões para se contrapor a Macri", diz o cientista político argentino Julio Burdman. "A entrada da Argentina no Grupo de Lima, vale lembrar, foi uma decisão do governo de Macri e um dos símbolos de seu governo."
O efeito da decisão será pequeno. O Grupo de Lima já estava inoperante. Esse conjunto de países estava mais próximo dos Estados Unidos. Durante o governo de Donald Trump, uma das suas principais iniciativas foi apoiar a proclamação de Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela, em janeiro de 2019. Enquanto isso, a União Europeia aproximou-se do Grupo de Contato, com México, Uruguai, Costa Rica, Equador e Bolívia.
Nada prosperou, e Maduro seguiu no poder. "Com a saída de Donald Trump da Casa Branca, provavelmente teremos uma reconfiguração desses grupos. Antes, havia dificuldades em reunir americanos e europeus. Agora, o secretário de estado americano Antony Blinken parece querer reunir todos os atores existentes, incluindo a União Europeia", diz o professor de relações internacionais venezuelano Luis Daniel Alvarez, da Universidade Central da Venezuela.
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Comentários (3)
Carlos
2021-03-24 21:40:53A Civilização Ocidental está nos seus estertores, a América luso-hispânica sempre na contramão da direção.
André
2021-03-24 20:50:30Deixaram porque estão na mesma situação da Venezuela.
Joao
2021-03-24 20:05:55O PT, PSOL, PC do B também são a favor da clepto dita democracia venezuelana. Apouar ditadura também deveria ser considerado ato anti democrático.