Foto: Rosinei Coutinho/SCO/STF

Por cinco anos, só será Cármen

28.11.23 07:38

No início, era só Ellen Gracie — a ministra escolhida por Fernando Henrique Cardoso em 2000 para ser a primeira e única ministra mulher no Supremo Tribunal Federal. Em 2006, Cármen Lúcia (foto) se tornou a segunda mulher na Suprema Corte — uma representação bem abaixo da realidade brasileira (onde mulheres são metade do país), mas que se manteve, com a chegada de Rosa Weber, até este ano.

Agora, com Lula escolhendo Flávio Dino para compor a cúpula do Judiciário, Cármen será o “bloco do eu sozinha” na corte, pelo menos até 2028. Se não houver mudanças imprevistas, é em abril deste ano que Luiz Fux completa 75 anos, provocando sua aposentadoria compulsória. Até lá, a corte permanecerá com 10 homens — e Cármen, que pela ordem natural poderá se aposentar sem se tornar a decana da Casa (já que Gilmar Mendes, o mais velho na corte, é quase dois anos mais novo que ela, e ele em tese se aposenta em 2030, um ano após Cármen).

Esta foi a segunda indicação de Lula ao STF — a primeira foi de seu ex-advogado pessoal, Cristiano Zanin, em junho. Ele não escolhe novos nomes neste mandato.

Sem escolher uma mulher para o cargo (como queria parte de sua base) e sem escolher uma mulher negra (como queria outra parte de sua base), Lula acabou por irritar parte sensível da base feminina.

“Nunca tivemos uma mulher negra no STF. O presidente Lula tinha essa oportunidade e mesmo assim não o fez. Movimentos da sociedade civil, autoridades e celebridades pediram publicamente por um tribunal menos desigual e mais representativo”, escreveu a deputada estadual por São Paulo Marina Helou (Rede). “A resposta? Mais um homem na corte.”

“Não surpreende que Lula tenha indicado mais um homem ao STF, que hoje conta com apenas uma mulher. A defesa da diversidade e da igualdade não passa de uma retórica populista”, escreveu Letícia Barros, vice-presidente do coletivo Lola Brasil. “Populismo, aliás, que historicamente sufoca o Brasil. Ou será que Lula não conseguiu encontrar nenhuma mulher com competência para ocupar a vaga de Rosa Weber?”

Se confirmada a ida de Dino para a 11ª cadeira, Cármen —que nunca deixou as causas feministas de lado em seu discurso— vai precisar falar ainda mais alto.

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  1. Acho que quis dizer que Fux sai em abril do próximo ano (não deste), e que Lula ai da escolherá um ministro em seu mandato (justamente o substituto de Fux), certo?

  2. Toda esta "turminha" que está fazendo beicinho por que Lula não nomeou uma mulher, volta sorridente e abanando a cauda assim que ele estalar os dedos.

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