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Petrobras quer ter mais diretores de fora: a estatal está, de novo, no varejo político?

01.06.20 15:57

Em tempos de portas abertas para partidos do Centrão no governo, uma proposta levada recentemente ao Conselho de Administração da Petrobras tem causado polêmica internamente: a companhia decidiu flexibilizar a norma interna que limita a presença de pessoas de fora de seus quadros em postos de comando, como diretorias e gerências.

Há, em alguns setores da estatal, o temor de que a medida sirva para facilitar a nomeação de apadrinhados políticos para posições que hoje são ocupadas por funcionários de carreira.

A proposta do atual comando da Petrobras foi aprovada pelo conselho na semana passada. No início do atual governo, 20% dos postos de direção e gerência podiam ser ocupados por funcionários contratados no mercado. Pouco depois de o atual presidente, Roberto Castello Branco, tomar posse, esse percentual foi ampliado para 30%. Agora, aumentou mais um pouco, para 40%.

Ao todo, 51 postos de direção da Petrobras estão sujeitos à regra. Isso significa que, hoje, até 15 deles podem ser ocupados por profissionais contratados fora. Com a mudança, esse número poderá chegar a 20.

Dois integrantes do conselho falaram reservadamente com Crusoé. Na reunião da semana passada, quando foi apresentada, a proposta gerou controvérsia. Três conselheiros votaram contra.

Entre os argumentos apresentados pela atual direção em favor da mudança do teto para 40% está a necessidade de buscar na iniciativa privada profissionais mais qualificados para as funções.

Por outro lado, quem se opôs à proposta sustenta que a alteração pode abrir caminho para interferências externas e até permitir que eventuais indicações políticas ampliem o risco de escândalos como os descobertos pela Operação Lava Jato nas investigações do petrolão.

Quanto ao risco de corrupção, os defensores da mudança dizem que vários dos diretores e gerentes pilhados no esquema eram funcionários de carreira. É o caso, por exemplo, de Paulo Roberto Costa, Jorge Zelada, Pedro Barusco e Renato Duque.

Em nota enviada a Crusoé na noite desta segunda-feira, a Petrobras afirma que a mudança vai “agregar competências” à companhia.

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