Elon Musk, o troll mais rico do mundo

Elon Musk começou 2023 como o segundo homem mais rico do mundo. Era o primeiro da lista meses antes, mas acumulou uma perda de 200 bilhões de dólares (cerca de 1 trilhão de reais) no ano anterior. Nunca ninguém havia pedido tanto dinheiro na história da humanidade.

Ao longo deste ano, Musk voltou ao topo da lista. O CEO de cinco empresas acumula uma riqueza de 257 bilhões de dólares, mas seu comportamento errático, com decisões corporativas questionáveis e um fraco pelas polêmicas de redes sociais fazem da fortuna um ativo altamente volátil.

Após pagar 44 bilhões pelo Twitter em 2022, Musk transformou a plataforma em um site sem rumo. Uma das marcas mais reconhecidas do século 21 foi quase que instantaneamente aposentada ao mudar de nome para “X”. Patrocinadores expressivos anunciaram a saída da plataforma após polêmicas antissemitas de Musk, que divide sua atuação nas redes sociais entre fatos relevantes e memes pesados, ao pior estilo troll — os provocadores da internet.

O bilionário reagiu aos protestos dos anunciantes com uma viagem a Israel, em solidariedade pelos ataques de 7 de outubro do Hamas, mas seus planos de transformar a rede social em uma “super plataforma”, aos moldes dos aplicativos chineses, tiveram de esperar.

Enquanto o X afundou em 2023, a Tesla atingiu um pico de valor inédito: 800 bilhões de dólares (quase 16 vezes o tamanho da Ford). Mesmo com recalls e atrasos na entrega, a empresa de automóveis elétricos está em ascendência, e em breve pode chegar ao clube do trilhão, hoje dominado por Amazon, Apple e Google.

O X não é a questão

Apesar de o X ser o empreendimento mais barulhento, o caso mais problemático é o da Starlink, a internet por satélite de Musk. Feita em parceria com a SpaceX (sua empresa de foguetes), a empreitada prevê levar internet a todos os cantos do mundo e teve efeitos palpáveis revolucionários — como ajudar soldados ucranianos na guerra contra a Rússia.

O sucesso do bilionário e seu avanço sobre infraestruturas tão críticas coloca governos diante dos joelhos de um empresário que foi apresentado em uma reveladora biografia lançada neste como um homem que deseja se tornar herói. Sua empresa é a única hoje capaz de mandar os foguetes da NASA ao espaço — e também de preencher todos os os céus com satélites. Quem poderá pará-lo?

A fortuna de Musk é tão imponente que não parece ameaçada pela personalidade caótica do dono. Mas seria arriscado demais fazer previsões sobre alguém cortejado pelo autocrata russo Vladimir Putin como uma “pessoa extraordinária”.