"Perfil dos migrantes venezuelanos mudou", diz analista político peruano
Peru reforça fronteira com o Chile após ultimato de José Kast aos imigrantes ilegais no país
O presidente do Peru, José Jeri, declarou estado de emergência em Tacna, na fronteira com o Chile, diante da grande quantidade de migrantes que tentam entrar no país. A maioria é composto por venezuelanos.
A medida foi adotada após o chileno José Antonio Kast, favorito nas eleições chilenas presidenciais, lançar um ultimato aos imigrantes ilegais.
Com o aviso de Kast, centenas de milhares de migrantes - sobretudo venezuelanos - começaram a abandonar o Chile em direção ao território peruano.
Segundo o analista político peruano Dardo López-Dold, o Peru não tem condições estruturais para absorver esse contingente.
"Os serviços públicos de saúde estão completamente sobrecarregados pelos mais de 2 milhões de venezuelanos, e a população identifica-os diretamente com o aumento da extorsão, dos assaltos e dos homicídios. As estatísticas confirmam o sentimento popular", afirma.
Para Lopez-Dold, o Chile deveria assumir a responsabilidade pelos migrantes que deseja expulsar.
“A alternativa seria oferecer transporte aéreo ou marítimo para a repatriação. Empurrá-los para a fronteira do país vizinho é apenas passar o problema adiante. O presidente Jeri faz muito bem em não permitir que entrem ilegalmente."
O perfil dos migrantes venezuelanos, segundo Lopez-Dold, mudou radicalmente.
Enquanto as primeiras ondas que fugiam do regime chavista eram formadas por profissionais e técnicos acostumados ao trabalho, o fluxo atual seria composto majoritariamente por pessoas dependentes de auxílios governamentais.
Segundo ele, com maior propensão ao crime.
"Mas após 26 anos de socialismo do século XXI, a idiossincrasia das novas gerações deteriorou-se profundamente. Hoje, são maioritariamente pessoas habituadas a subsídios, desrespeitosas com a lei e com a sociedade que as acolhe e, com muita frequência, propensas ao crime. É desrespeitoso arrumar a sua própria casa empurrando para a casa do vizinho tudo o que você não quer na sua própria casa", concluiu.
Aviso de Kast
José Antonio Kast, líder do Partido Republicano e favorito à presidência do Chile no segundo turno, já age como se fosse o próximo chefe do governo.
Em vídeo publicado no X, o direitista lançou um ultimato aos imigrantes ilegais: eles terão 111 dias para deixar o país voluntariamente.
Caso contrário, segundo Kast, pessoas irregulares serão presas, terão seus bens congelados e serão deportadas.
"Quero dizer, aos imigrantes irregulares, que vocês têm 111 dias para deixar Chile voluntariamente. Se vocês fizerem voluntariamente, podem levar todos os seus recursos. Se não fizerem, vamos aplicar a lei. No Chile, vamos aplicar a lei. Se você não se for voluntariamente, vamos te prender. Vamos reter suas coisas. Nós vamos te expulsar. Por isso, convido a vocês a saírem aos países de onde vocês chegaram e, se querem entrar ao Chile alguma vez novamente, façam pela porta de entrada com seus documentos em mãos. Caso contrário, jamais poderão estar de novo no Chile.
As pessoas que transportem, entregam as mercadorias e ajudam os imigrantes irregulares também vão ser alvos de sanções. Então, peço sua colaboração nesse tempo antes de que assumamos o governo que vai recuperar e reconstruir o Chile. Tomem essa decisão prudente. Colaborem com a gente", afirma Kast, em vídeo gravado na fronteira com o Peru.
Imigração
A imigração em massa e a segurança pública são as principais preocupações dos chilenos.
A taxa de homicídios, embora inferior em comparação com outros países latino-americanos, subiu nos últimos anos.
Os chilenos associam o aumento da criminalidade à entrada de estrangeiros em massa.
Na campanha, Kast adotou um discurso de tolerância zero com o crime e com os narcotraficantes.
Leia mais: Kast dá ultimato e promete deportação em massa no Chile
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