Partido das Farc admite sequestros e vítimas pedem reparações econômicas
O partido Comunes, herdeiro das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia e até janeiro conhecido como Partido Farc, divulgou um comunicado nesta quinta, 18, admitindo pela primeira vez a prática de sequestros pela guerrilha. Calcula-se que as Farc tenham sequestrado mais de 2 mil pessoas entre 1993 e 2012. "Reconhecemos nossa responsabilidade pelos sequestros e pelo sofrimento...
O partido Comunes, herdeiro das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia e até janeiro conhecido como Partido Farc, divulgou um comunicado nesta quinta, 18, admitindo pela primeira vez a prática de sequestros pela guerrilha. Calcula-se que as Farc tenham sequestrado mais de 2 mil pessoas entre 1993 e 2012.
"Reconhecemos nossa responsabilidade pelos sequestros e pelo sofrimento imposto às vítimas", diz o comunicado. "Nossa atuação insurgente sempre esteve inspirada na necessidade de transformar a sociedade e criar condições para uma vida digna, mas também reconhecemos que nesse processo se apresentaram fatos e condutas reprováveis à luz do direito internacional humanitário", diz o comunicado.
O texto é assinado por seis ex-integrantes do Secretariado das Farc, órgão máximo do grupo terrorista. Entre os autores está o presidente do partido Comunes, Rodrigo Londoño, o Timochenko (foto). A admissão de culpa responde a uma acusação feita no dia 28 de janeiro deste ano pela Jurisdição Especial para a Paz, a JEP, que foi criada em 2016. Segundo essa instância, oito membros do Secretariado das Farc são responsáveis por crimes contra a humanidade e de guerra, incluindo sequestros, homicídios, tortura, deslocamento forçado e violência sexual. A eles foi dado o prazo de 30 dias para aceitar ou negar a responsabilidade. Seis deles optaram por reconhecer parte dos delitos.
O passo seguinte é a aplicação de sanções especiais, como prisão domiciliar para os que admitiram os crimes. Dois antigos membros do Secretariado, Milton de Jesús Toncel e Juan Hermildo Cabrera, se recusaram a assinar a declaração.
"A principal reclamação dos parentes e das vítimas das Farc agora é que elas não querem só comunicados. Querem reparações econômicas. Muitas pessoas tiveram de pagar resgates para reencontrar seus parentes ou para receber seus cadáveres. Usaram até mais dinheiro do que tinham guardado. Ficaram sem economias. Então é preciso que as Farc agora devolvam esse montante às pessoas", diz o colombiano Marcos Peckel, professor de relações internacionais da Universidade Externado da Colômbia.
Na semana passada, o governo colombiano entregou para a JEP um inventário da riqueza acumulada pelas Farc. O valor total, no final do ano passado, foi de 42 bilhões de pesos colombianos, o equivalente a 13 milhões de dólares. Na conta foram incluídos 260 quilos de ouro, 722 imóveis e 312 automóveis.
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