Parceria com Israel não tem objetivos definidos e benefícios concretos, diz embaixador em Tel Aviv
Vivendo seu melhor momento na história recente, a parceria do Brasil com Israel é “certamente promissora”, mas até agora a aproximação liderada pelos governos de Jair Bolsonaro e Benjamin Netanyahu carece “de melhor definição de objetivos e de identificação de interesses e benefícios concretos”. A avaliação é do embaixador brasileiro em Tel Aviv, Paulo Cesar...
Vivendo seu melhor momento na história recente, a parceria do Brasil com Israel é “certamente promissora”, mas até agora a aproximação liderada pelos governos de Jair Bolsonaro e Benjamin Netanyahu carece “de melhor definição de objetivos e de identificação de interesses e benefícios concretos”. A avaliação é do embaixador brasileiro em Tel Aviv, Paulo Cesar Meira de Vasconcelos, de saída do cargo que ocupa desde 2017, por indicação de Michel Temer.
Na sexta-feira, 10, o embaixador teve sua remoção determinada pelo chanceler Ernesto Araújo, mas ainda permanecerá no cargo até setembro, segundo fontes diplomáticas ouvidas por Crusoé. Ele será substituído pelo general Gerson Menandro Garcia de Freitas, indicado por Jair Bolsonaro. A nomeação ainda depende de sabatina na Comissão de Relações Exteriores do Senado, onde o relator da proposta é o petista Jaques Wagner.
Na visão do diplomata, os esforços dos dois países até agora renderam “gestos simbólicos de forte apelo político, como o apoio oferecido por Israel após o desastre de Brumadinho e durante as queimadas da Amazônia”. Os gestos, porém, não são suficientes, segundo ele, para sustentar e justificar parcerias de longo prazo. "Será tarefa importante dos operadores da política externa brasileira estimular e implementar ações e projetos que garantam benefícios tangíveis e permanentes”, avalia Vasconcelos, em relatório entregue ao Senado Federal.
“Vejo, nesse sentido, como especialmente vantajosos, o desenvolvimento de parcerias bilaterais em inovação tecnológica e desenvolvimento de soluções baseadas em pesquisa conjunta voltadas à agricultura, saúde e educação”, sugere o embaixador. Ele lembra que outras áreas com grande potencial, como segurança e defesa, já deram início a “projetos comuns de grande relevância e estão adiantados os contatos entre as forças armadas dos dois países”.
Vasconcelos destaca que existem, em Israel, “grandes expectativas quanto ao adensamento das relações com o Brasil”. O Brasil é visto “como um país de importante peso específico global e como o parceiro mais relevante na América Latina, mercado em expansão para os produtos israelenses, sócio relevante para a indústria de defesa e, desde o início do governo Bolsonaro, aliado político essencial”, nas palavras do embaixador. Ele acredita que “eventuais mudanças futuras na liderança política deste país pouco alterarão o interesse israelense em manter as melhores e mais próximas relações com o Brasil”.
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