Para PF, hacker do Telegram pode ter roubado dados do Enem e da Fuvest
Em depoimento prestado à Polícia Federal, o hacker Walter Delgatti Neto, o Vermelho (foto), foi perguntado sobre invasões em contas do Telegram com o objetivo de roubar informações da prova do Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem, e da Fuvest, vestibular da USP, a Universidade de São Paulo. Delgatti foi um dos presos na...
Em depoimento prestado à Polícia Federal, o hacker Walter Delgatti Neto, o Vermelho (foto), foi perguntado sobre invasões em contas do Telegram com o objetivo de roubar informações da prova do Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem, e da Fuvest, vestibular da USP, a Universidade de São Paulo. Delgatti foi um dos presos na Operação Spoofing e assumiu ser o responsável pela invasão de aplicativos de conversas de centenas de autoridades, entre elas o presidente da República, ministros do Supremo Tribunal Federal, procuradores da Lava Jato e do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro.
Vermelho prestou o Enem em 2018 e relatou aos investigadores ter ficado na 12ª colocação. Naquele ano, 5,5 milhões de estudantes se inscreveram na prova. Ele confirmou, segundo apurou Crusoé, ter invadido a conta do Telegram do então presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, o Inep, responsável por organizar o Enem, mas disse que não obteve informações sobre a prova. Em 2018, o Inep tinha como presidente Maria Inês Fini. Vermelho disse não lembrar do nome da pessoa alvo do ataque. O hacker também deixou uma brecha para o caso de os investigadores descobrirem, depois, que ele teve acesso prévio à prova: afirmou não ter lembrança se os dados acessados foram baixados e onde encontrou o telefone do chefe do Inep.
Sobre a Fuvest, Vermelho confirmou que tentou obter informações sobre a prova, mas disse não ter obtido sucesso na ação. Ele ainda contou aos investigadores sobre a invasão da conta do Telegram de uma professora da faculdade de Medicina da USP, também com o objetivo de acessar informações sobre a prova para o curso.
Em relatório parcial da Spoofing, divulgado no fim de semana, a PF cita uma troca de mensagens entre Vermelho e Danilo Marques, outro preso na operação, que indica que ele pode ter vendido o material que roubou dos celulares das autoridades. A conversa foi em 10 de abril, dois meses antes do inicio da divulgação dos dados roubados. No texto, Vermelho diz que “acabou a tempestade” e “veio a bonança”. A PF também aponta ter encontrado indícios de lavagem de dinheiro praticada pelo hacker por meio de uma transação de 1,5 milhão por meio de criptomoedas.
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Comentários (10)
Uirá
2019-09-03 20:23:46E se ele foi pago para executar o serviço, pq ele não tem medo de que o dinheiro possa ser apreendido ou coisa do tipo? Ou pq ele não tinha medo de ser morto para que se eliminasse um elo de ligação? Esta turma se sente muito tranquila e confortável demais para que não acharem que o risco é desproporcional e eles estão de alguma forma desprotegidos. Eles devem ter no mínimo a certeza de que logo serão liberados para responder em liberdade.
Uirá
2019-09-03 20:15:45Algum coisa que parece sem importância, mas que se repete. A imaginação é o limite, sem informações há milhares de cenários possíveis, mas conforme as lacunas vão sendo fechadas, eles começam a se reduzir e toda a trama começa a ficar mais clara. Sendo Vermelho um estelionatário contumaz e estando já há algum tempo na vida do criem, ele nunca teve contato com ninguém ligado ao PCC, não necessariamente tráfico de drogas, mas lavagem de dinheiro, um advogado?
Uirá
2019-09-03 20:10:02Poderiam ser feitas, por exemplo, quadrangulações contendo Vermelho e Chiclete com gente do INEP e uma quarta pessoa, suponhamos, Verdevaldo. Ou uma triangulação Vermelho, Chiclete e alguém do INEP que aí poderia ser utilizado para ser repetir o processo e formar verdadeiras teias que poderiam estar por trás de Vermelho. Ademais, se houver alguém(s) por trás de Adélio e estes alguém(s) tb estiverem por trás de Vermelho, então haverá pelo menos algum paralelo entre os dois.
Uirá
2019-09-03 20:03:25Pq um estelionatário com gostos nada baratos e que aprecia os prazeres da vida se arriscaria a ser preso em um esquema amador? Como alguém se aproximaria de um "hacker" oferecendo um negócio com riscos elevados sem conhecer o indivíduo nem oferecer uma boa vantagem financeira e ter certeza de que ele não procuraria alguma autoridade depois? Vermelho parece ter uma relação prévia às invasões com os suspeitos de sempre empenhados em acabar com a Lavajato.
Uirá
2019-09-03 19:56:01A máquina não oferece só condições de roubar, mas tb de blindagem, é uma relação de retroalimentação, quanto mais se rouba, mais necessário se torna impedir que outros cheguem ao poder e vejam toda a sujeira causada pela corrupção. Por outro lado, se Vermelho não obteve dados do Enem e da Fuvest via invasões cibernéticas, mas via fontes internas, isto é um indicativo de que os laços dele com o PT e seus parasitas dentro da máquina não vem de agora.
Uirá
2019-09-03 19:52:09Fora o vazamento e todo o resto, os corruptos tb teriam o interesse de saber até onde eles estão expostos e o que os outros já sabem deles, não basta cobrir os rastros, é preciso descobrir se alguém os encontrou antes de que eles fossem cobertos. Por isto que alguém de fora da quadrilha é tão perigoso e Bolsonaro representava um risco tão grande, não só ele paralisaria os esquemas, mas ele e os seus passariam a ter acesso a todos os rastros deixados pela corrupção.
Uirá
2019-09-03 19:49:05Mas se ele não estava interessado no Enem, o que ele poderia querer com o chefe do Inep? Que possíveis falcatruas pode haver lá dentro que justificaria alguém invadir o celular do chefe do Inep para saber, por exemplo, quanto os envolvidos em corrupção lá dentro estão expostos? Não faz sentido que alguém tente se proteger de um risco que não existe, portanto faz todo o sentido tentar se avaliar qual é o nível de exposição a um determinado risco antes de tomar qq medida contra ele.
Uirá
2019-09-03 19:46:00Supondo que um gabarito do Enem fosse vendido a 30 mil, isto implicaria em pelo menos 100 indivíduos para se chegar ao montante de 3 milhões. Os "compradores" estariam dispersos e teriam que fazer contato com diferentes integrantes do esquema, cada uma com uma fatia no negócio. Se a quadrilha tivesse 15 membros e o valor fosse dividido de forma igualitária entre eles, isto daria 200 mil por cabeça. Se ele teve acesso, parece muito mais fácil que tivesse sido através de uma fonte interna.
Uirá
2019-09-03 19:43:11Quem conhece o modus operandi do PT sabe que eles não deixam passar nenhuma oportunidade de roubar, mas qq fraudes no Enem ou outras faculdades teriam que ser mais exclusivas. Não é sensato roubar a prova e sair vendendo ela para todo mundo, pq isto facilitaria que o esquema fosse descoberto. Por outro lado, se a venda fosse mais restrita, ela teria que se concentrar em alguns poucos indivíduos e teria que ter um tíquete elevado para compensar os custos e o risco.
Enilda
2019-09-03 14:58:18Claramente um bandido!