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‘Os drones dão ao Irã uma força aérea instantânea e barata’, diz analista de segurança

10.11.21 08:45

O primeiro-ministro do Iraque, Mustafa al Kadhimi, sobreviveu a um ataque de drone contra sua casa (foto), em Bagdá, no domingo, 7. A suspeita é que milícias que recebem apoio do Irã estejam por trás da tentativa de magnicídio. O analista de segurança americano Seth Frantzman, autor do livro Drone Wars, conversou com Crusoé sobre a tentativa de assassinato e sobre os aparelhos que estão sendo desenvolvidos na Venezuela com tecnologia iraniana.

O ataque contra o primeiro-ministro iraquiano Mustafa al-Kadhimi foi feito por um drone iraniano?
Cada vez mais parece que milícias iraquianas apoiadas pelo Irã estavam por trás do ataque ao primeiro-ministro. No entanto, o Irã condenou o ataque e não parece que as autoridades iraquianas encarregadas de investigar o caso produzirão um relatório sobre quem está por trás dele. Os ataques de drones representam uma ameaça única porque o operador pode ser difícil de ser localizado e os componentes do drone podem ser facilmente contrabandeados através das fronteiras. Relatórios dizem que vários drones estiveram envolvidos nesse ataque. Isso faz parte de um padrão de ações de drones vinculadas ao Irã e a seus parceiros no Oriente Médio. As Forças de Mobilização Popular no Iraque (de maioria xiita e que lutaram contra o Estado Islâmico), apoiadas pelo Irã, fizeram desfiles com drones no ano passado. Elas teriam usado drones para atacar as forças dos EUA, em Erbil. Esses grupos são uma força paramilitar oficial e estão ligadas a milícias sectárias e partidos políticos pró-iranianos. Elas mantêm suas próprias instalações de armazenamento de armas, o que torna impossível rastrear suas munições e muito difícil determinar a quais ataques a milícia está vinculada. Os suspeitos de sempre seriam Kataib Hezbollah ou Asaib Ahl al-Haq, duas milícias poderosas ligadas à Guarda Revolucionária do Irã e às Forças de Mobilização Popular.

Por que o Irã está enviando drones para esses grupos em outros países?
O Irã fabrica drones desde os anos 1980. Nas últimas décadas, o país começou a ajudar seus parceiros com tecnologia de drones. Isso começou com o Hezbollah há duas décadas e se estendeu para os houthis no Iêmen. Como as peças dos drones podem ser construídas localmente e combinadas com motores ou giroscópios para orientação, eles são ótimos para serem movidos através das fronteiras e remontados. Os houthis aperfeiçoaram vários tipos de drones para atacar a Arábia Saudita desde 2015. O Irã transferiu drones para a Síria e os usou contra Israel em 2018 e 2021, e também contra a base dos Estados Unidos em Tanf. O Hamas em Gaza usou novos tipos de drones kamikaze, com tamanho maior que o de uma pessoa, no conflito de maio de 2021 com Israel. 

Por que o Irã tem usado drones contra seus inimigos?
Drones podem ser facilmente levados de um lugar para outro. Eles são leves. Ao contrário dos foguetes, eles podem ser pré-programados para percorrer um caminho, ao longo de pontos de referência, de modo que são difíceis de serem detectados e demoram para chegar ao alvo. Eles podem escapar das defesas aéreas e podem ser mais precisos que os foguetes. O uso de drones e mísseis de cruzeiro pelo Irã em Abqaiq, na Arábia Saudita, em 2019, foi um grande exemplo de uso de um enxame de drones para atacar uma instalação de energia. O fato de os drones terem como alvo Israel, Estados Unidos, Arábia Saudita e até o primeiro-ministro do Iraque mostra como o Irã está tentando desafiar a supremacia que os aliados dos Estados Unidos costumam ter no ar. Os drones dão ao Irã e a seus aliados uma força aérea instantânea e barata. E isso significa que os perpetradores muitas vezes podem se esconder e ninguém pode ser responsabilizado pelos ataques. Após um ataque a um petroleiro, em julho, que matou duas pessoas, não foram feitas acusações contra os seus perpetradores.

Fotos de drones venezuelanos feitos com tecnologia iraniana foram divulgadas nos últimos dias. O que se sabe sobre esses aparelhos?
O Irã está envolvido na venda de drones para a Venezuela, mas não sabemos o quão evoluído é o programa desse país da América Latina. Parece que eles não teriam a capacidade de fazer um ataque como o que ocorreu contra a residência do primeiro-ministro iraquiano.

Outros países latino-americanos deveriam se preocupar com drones venezuelanos com tecnologia iraniana?
Os países latino-americanos precisam investir pesadamente em seus próprios programas de drones. Isso pode significar defesas menores contra quadricópteros e veículos aéreos não tripulados, bem como defesas contra drones maiores. Os países latino-americanos deveriam adquirir drones em todas as camadas de suas forças de segurança: ​​para patrulhamento de fronteiras, combate ao narcotráfico e preservação ambiental. Drones táticos menores também poderiam ser usados por forças especiais e unidades especiais da polícia. Qualquer país que esteja modernizando sua segurança interna, suas forças armadas ou sua polícia precisará investir em drones.

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  1. Nossos bandidos usavam garrucha e espingarda. Um dia, passaram a ter pistolas e, no dia seguinte, submetralhadoras. Mais um tempo passado, já tinham fuzis automáticos e, há um tempo, metralhadoras .50 anti-aéreas. Se o país continuar dando bobeira, mais dia, menos dia, as facções escorregarão drones por nossas fronteiras.

    1. já atravessaram e só você não soube.

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