Os dados da crise migratória na Europa
Pelas ilhas gregas, rota dos Balcãs, Canal da Mancha, além de refugiados provenientes da Ucrânia, os migrantes continuam tentando chegar à Europa todos os dias, arriscando as suas vidas
No meio do ano de 2024, aproximadamente 122,6 milhões de pessoas estavam deslocadas em todo o mundo, conforme dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR).
Essa cifra representa um aumento significativo em relação aos 117,3 milhões registrados no final de 2023.
Desde 2014, a Organização Internacional para as Migrações (OIM) documentou mais de 71 mil mortes e desaparecimentos ao longo das rotas migratórias globais.
Estima-se que esse número seja ainda maior, uma vez que muitos casos não são oficialmente registrados.
Cerca de metade das fatalidades ocorreram nas rotas migratórias pelo Mar Mediterrâneo, onde a OIM registrou mais de 31 mil mortes desde 2014.
Um dos incidentes mais trágicos aconteceu em junho de 2023, quando cerca de 600 pessoas perderam a vida em um naufrágio próximo à costa grega.
Crianças refugiadas
O ACNUR também revelou que, até o final de 2023, cerca de 47 milhões ou 40% dos refugiados no mundo eram crianças, indicando que os menores estão desproporcionalmente afetados pela crise, considerando que representam apenas 30% da população global.
Parlamento europeu e a imigração
Em abril de 2024, o Parlamento Europeu aprovou um controverso pacote de migração e asilo após longas negociações.
Esse pacote visa estabelecer regras mais rigorosas para imigrantes indocumentados e prevê procedimentos acelerados para aqueles com baixa probabilidade de obter asilo.
Os solicitantes cujos pedidos forem rejeitados deverão ser rapidamente devolvidos a países seguros. Um mecanismo de solidariedade foi proposto para redistribuir migrantes entre os Estados membros da UE.
A queda de Bashar al-Assad
A queda do regime do ditador sírio Bashar al-Assad em dezembro de 2024 deixou a situação na Síria incerta.
Mais de seis milhões de sírios haviam buscado abrigo fora do país desde o início da guerra civil em 2011.
Países europeus como Alemanha e Suíça suspenderam temporariamente os processos de asilo para sírios devido à instabilidade atual.
Em relação às rotas migratórias específicas na Europa e no Mediterrâneo, o número de pedidos de asilo na UE aumentou 18% em 2023, totalizando cerca de 1,14 milhão - o nível mais alto desde a crise migratória de 2015-2016.
A maioria dos pedidos veio de sírios e afegãos, com um aumento notável nos pedidos feitos por cidadãos turcos.
Rotas para travessia
As ilhas gregas continuam sendo um ponto focal para os migrantes que tentam chegar à Europa via mar.
Até novembro de 2024, mais de 50 mil chegadas foram registradas. As condições nos centros de acolhimento nessas ilhas têm sido alvo de críticas devido à superlotação e às precárias condições sanitárias.
A costa da Líbia também se consolidou como um importante ponto de partida para migrantes rumo à Europa.
A costa tunisiana apresenta um aumento significativo nas tentativas de travessia para a Europa. Observadores relatam que os contrabandistas estão utilizando embarcações precárias para transportar migrantes, aumentando os riscos durante a travessia.
Além disso, as cidades espanholas Ceuta e Melilla enfrentam constantes tentativas massivas de travessia pelas cercas que as delimitam. As autoridades espanholas têm implementado medidas rigorosas para controlar essas entradas.
No contexto do Canal da Mancha, cerca de 30 mil migrantes conseguiram entrar no Reino Unido ilegalmente em 2023. O governo britânico firmou acordos com a França visando limitar essa migração irregular.
As ONGs e as políticas migratórias
As organizações não governamentais continuam desempenhando um papel importante na busca por vidas no mar Mediterrâneo, tentando salvar aqueles que se arriscam a fazer a perigosa travessia.
As políticas migratórias da União Europeia têm se concentrado na proteção das fronteiras externas e na contenção dos fluxos migratórios através da cooperação com países em conflito como a Líbia.
Apesar das críticas sobre as condições desumanas enfrentadas pelos migrantes nesses locais, a estratégia permanece focada na redução do número de chegadas à Europa.
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