Os arquivos da Odebrecht que são prova contra uns, mas não servem para acusar outros
A distribuição dos inúmeros inquéritos abertos no Supremo Tribunal Federal a partir do mega-acordo de colaboração da Odebrecht para as mais diversas instâncias do Judiciário provocou complexos, e por vezes, inexplicáveis desdobramentos daquela que ficou conhecida como a "delação do fim do mundo". Arquivos usados como provas robustas em denúncias de caixa 2, corrupção e...
A distribuição dos inúmeros inquéritos abertos no Supremo Tribunal Federal a partir do mega-acordo de colaboração da Odebrecht para as mais diversas instâncias do Judiciário provocou complexos, e por vezes, inexplicáveis desdobramentos daquela que ficou conhecida como a "delação do fim do mundo".
Arquivos usados como provas robustas em denúncias de caixa 2, corrupção e lavagem de dinheiro feitas contra uma parcela dos políticos delatados são simplesmente desprezados em outros casos semelhantes, que acabam na gaveta ou resultam na absolvição dos réus por falta de provas.
O material em questão é o acervo de planilhas e mensagens de Skype que estavam armazenados em um computador da Transnacional, a transportadora de valores usada pelos doleiros da Odebrecht para efetuar os pagamentos ilícitos em espécie aos intermediários dos políticos delatados.
Crusoé já mostrou na edição 073 que o material apreendido pela Polícia Federal em 2017 contém datas, senhas, valores, endereços e os nomes dos destinatários da entrega de dinheiro. Os dados batem com as informações das planilhas do setor de propinas da Odebrecht, onde também aparecem os codinomes dados aos políticos beneficiados.
Foi com base nesse material que a Procuradoria-Geral da República denunciou, recentemente, os ex-presidentes da Câmara Arlindo Chinaglia, do PT, e Eduardo Cunha, do MDB, além de outras 15 pessoas. Entre elas estava justamente um dirigente petista cujo nome e o endereço do hotel onde ele teria recebido o dinheiro aparecem nos arquivos da transportadora de valores.
O mesmo acervo já foi usado pela PGR para denunciar o senador Ciro Nogueira, um dos líderes do Centrão no Congresso, por 7,3 milhões de reais em propinas da Odebrecht. Em São Paulo, os arquivos da Transnacional também embasaram as denúncias feitas pelo Ministério Público Eleitoral contra o ex-governador Geraldo Alckmin, do PSDB, o deputado Paulinho da Força, do Solidariedade, e o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, do MDB.
Ocorre que os arquivos da Transnacional, como mostrou Crusoé em 2019, contém ao menos 532 entregas de dinheiro vivo vinculadas a 90 codinomes de políticos e agentes públicos, cujos valores somam 249 milhões de reais. E nesse mesmo material aparecem pagamentos vinculados a codinomes de políticos que já foram absolvidos ou tiveram seus casos arquivados por falta de provas.
É o caso de Raimundo Colombo, ex-governador de Santa Catarina, que foi acusado por executivos da empreiteira de receber 9 milhões de reais via caixa 2 nas campanhas de 2010 e 2014. Ele foi absolvido em julho do ano passado pela Justiça Eleitoral catarinense. Na denúncia feita em 2018 pela PGR não constavam quatro entregas de dinheiro que aparecem nos arquivos da Transnacional direcionadas a dois assessores dele, em hotéis de São Paulo.
Registros da transportadora também indicam dois pagamentos de 250 mil reais cada vinculados ao codinome dado por executivos da Odebrecht à senadora Kátia Abreu, do PDT do Tocantins. Segundo a planilha, os pagamentos foram feitos nos dias 3 e 9 de outubro de 2014 com as mesmas senhas que aparecem na planilha da Odebrecht relacionados ao codinome "Machado", atribuído à senadora. Antes mesmo que o arquivo fosse juntado à investigação, o STF arquivou o inquérito de Kátia Abreu em 2018, alegando falta de provas.
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Comentários (9)
JORGE
2021-03-01 14:43:37O Brasil perdeu! O que significa que os bolsonaristas venceram, nossos políticos venceram, os petistas venceram. Sobram os que sabem que não são donos da razão ou da verdade como eu, mas que sabem perceber a diferença entre um presidente sério e comprometido com seu povo e um verme incompetente, sádico, mentiroso, que usa a criação de crises como método de governo. Bolsonaro consegue ser pior que lula, o maior ladrão do mundo e outro verme a ser extinto.
MARCOS
2021-02-27 19:19:30Falta robusta de provas? Com nossas cortes superiores, que protegem o Mecanismo, nenhuma prova é robusta o suficiente. Continuam “estancando a sangria”, como pedido por Romero Jucá.
PAULO
2021-02-27 18:38:03O Mecanisno, Jesus humano, que se transformou em deus pela santíssima trindade: executivo, legislativo e judiciário, tendo alguns santos da iniciativa privada, é onipotente, onisciente e onipresente. A Lava Jato ter conseguido causar avarias num ser tão poderoso, foi um milagre. Mas ñ se combate o Mecanismo assim, que tem suas peças unidas, com uma força dispersa. Apesar de estar em todas as esferas do poder, o Mecanismo ñ absorveu todos. Esses, junto com os brasileiros são a salvação do Brasil
Andre
2021-02-27 16:40:50Para isso que servem os amigos
MARCOS
2021-02-27 15:29:47Samba do criolo doido.
Cristovão
2021-02-27 14:59:51O STF DESSA VEZ NÃO COMBINOU COM ARAS??????
Vasconcellos
2021-02-27 14:38:10"Justiça", no Brasil, é o nome fantasia dado ao sistema de proteção aos poderosos (que também ampara amigos e colaboradores dos mesmos). É um mecanismo criado há séculos para esse fim, inicialmente para dar proteção aos "fidalgos" e seus asseclas. Por isso, as leis parecem relativas, às vezes. Elas têm que ser adaptadas aos interesses dos grupos protegidos.
Maria
2021-02-27 13:37:08Como disse o Ministro Barroso no canal do Villa do YouTube, todos tem sempre alguém, parente ou amigo, no último andar comprometido com alguma falcatrua nesse nosso querido mas pessimamente administrado Brasil! BolsoPetistas como pgr e “outros” estão aí pra provar ! Isso é que deve ser o tal do “FIM DO MUNDO”!
Rosele Sarmento Costa
2021-02-27 13:29:09E a corrupção vai aumentando dia após dia por “falta robusta de provas”. Haja paciência!