Foto: Sillar via Wikimedia CommonsO primeiro-ministro polonês, Jaroslaw Kaczynski, testa inédito terceiro mandato no país

Oposição na Polônia aposta tudo nas eleições deste domingo

15.10.23 08:45

As eleições parlamentares na Polônia, realizadas neste domingo (15), ganharam tanta importância nas últimas semanas que agora são consideradas as mais importantes desde o fim do comunismo no país, em 1989. Isto porque o país, a quinta maior população da União Europeia, pode dar um inédito terceiro mandato ao partido Lei e Justiça (PiS, em polonês), garantindo a hegemonia do bloco de direita conservadora no país.

Até este sábado, o partido tinha a vantagem sobre o principal concorrente, o partido de centro Coalizão Cívica (KO), que foi criada justamente como oposição a Jaroslaw Kaczynski, que é quem de fato dá as cartas sobre o partido no poder. O fato de o PiS ter 37% dos votos contra 30% do KO mostra que o país está profundamente dividido, uma vez que ambas as plataformas não concordam em quase nada na condução do país de 38 milhões de habitantes.

Desde que Kaczynski e seu partido assumiram o governo polonês em 2015, os poloneses apostaram em uma onda nacionalista que culminou com a redução ao máximo dos direitos ao aborto no país, assim como perseguição a veículos de imprensa no país. Em 2017, o PiS  conseguiu passar no parlamento uma lei que alterava drasticamente o formato da suprema corte do país, levando vários ministros à aposentadoria e garantindo novas nomeações ao partido. Desde então, Varsóvia e a União Europeia – do qual o país faz parte – entraram em rota de colisão, com ameaças diplomáticas a ambos os lados.

Já a KO tem como líder Donald Tusk, que tem o perfil oposto ao PiS: ex-primeiro-ministro, Tusk foi o presidente do parlamento do Conselho Europeu. A base do partido é, antes de tudo, anti-PiS ao defender maior aproximação com a União Europeia. Para os eleitores do KO, mais jovens e urbanos, um terceiro mandato de Kaczynski deixaria a Polônia ainda mais deslocada do mundo moderno.

Pessoalmente, Tusk e Kaczynski já trabalharam juntos a Lech Walesa, o legendário ícone da liberação da Polônia comunista, mas há duas décadas eles já não se toleram.

Caso as pesquisas se confirmem, nenhum dos dois partidos terá a maioria para comandar a Polônia. Isso traz mais atenção a partidos menores: o primeiro é o Confederação (KWiN), que é mais à direita do PiS e que, com sua base anti-UE e libertária, pode levar cerca de 10% das cadeiras do parlamento; outra coalizão é a chamada Terceira Via (TD), que pode arrebanhar 11% das cadeiras e beneficiar Tusk.

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