O viés político na ação contra Moraes nos EUA
Empresa de Trump entrou de carona no processo. Jornal afirma que objetivo seria evitar prisão de Bolsonaro

Uma reportagem do jornal The New York Times, publicada esta semana, aborda uma possível razão política para a ação contra o ministro do STF Alexandre de Moraes, impetrada nos Estados Unidos.
"O movimento incomum tornou-se ainda mais extraordinário por seu timing: poucas horas antes, a Justiça brasileira havia recebido uma acusação que o forçaria (Moraes) a decidir se ordenaria a prisão de Jair Bolsonaro, o ex-presidente brasileiro e aliado do Sr. Trump. A Justiça está supervisionando múltiplas investigações criminais sobre Bolsonaro", diz o texto.
O jornal, assim, insinua que a ação seria uma maneira de Trump tentar evitar a prisão de seu aliado Jair Bolsonaro.
"O processo pareceu representar um esforço surpreendente do Sr. Trump para pressionar um juiz estrangeiro enquanto ele avalia o destino de um colega líder de direita que, como ele, foi indiciado por acusações de que tentou reverter sua derrota eleitoral", diz o texto assinado por Jack Nicas, do Rio de Janeiro.
Fuga inviável
A tese, contudo, não teve muitos adeptos entre brasileiros.
Em primeiro lugar, porque o risco de uma prisão de Jair Bolsonaro agora, embora exista, é baixo.
Uma prisão preventiva antes de uma eventual condenação pelo STF só poderia ocorrer se houvesse risco de fuga ou se Bolsonaro fosse um risco para a sociedade.
Mas Bolsonaro já teve o passaporte apreendido pelo STF e não tem como deixar o país para escapar da Justiça.
Além do mais, sua capacidade para realizar um levante armado ou um golpe de Estado não se concretizou quando ele era presidente, o que leva a crer que também não aconteceria com ele fora do Palácio do Planalto.
Relação entre as duas empresas
Ainda assim, a hipótese de que a ação tenha tido um motivo político não pode ser descartada.
O envolvimento da empresa Trump Media and Technology Group (TMTG), de Donald Trump, na questão da censura é tangencial.
A ação acusa Alexandre de Moraes de buscar censurar ilegalmente ambas companhias americanas, a TMTG e a plataforma de vídeos Rumble.
Em relação à Rumble, não há dúvidas sobre as investidas de Moraes, que enviou seguidos emails para o departamento jurídico com ordens de censura e pedidos de informações.
A empresa de Trump, contudo, pode ter entrado na história apenas de carona.
O argumento é de que a empresa poderia ser prejudicada por tabela, caso alguma decisão de Moraes afetasse o Rumble.
"A Truth Social (rede da TMTG) depende da infraestrutura de hospedagem e streaming de vídeo baseada em nuvem da Rumble para entregar conteúdo multimídia à sua base de usuários. Se a Rumble fosse encerrada, essa interrupção necessariamente interferiria nas operações da Truth Social também", diz a ação.
Liberdade de expressão
Na reportagem, o New York Times busca fazer uma ligação entre as duas empresas.
O presidente Trump tem 53% da TMTG.
E a empresa, ao comentar o caso oficialmente, colocou-se de uma maneira mais política.
Uma frase do diretor Devin Nunes, um ex-congressista republicano, afirma que "a TMTG está firmemente comprometida em defender o direito à liberdade de expressão. Este não é apenas um slogan, é a missão principal desta empresa. Temos orgulho de nos juntar ao nosso parceiro Rumble para nos posicionarmos contra demandas injustas de censura política, independentemente de quem as faça".
Diz o New York Times: "O processo reflete o relacionamento próximo entre a Trump Media e a Rumble, que atendem ao mesmo público de direita e estão sediadas a poucos quilômetros uma da outra na Costa do Golfo da Flórida".
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