O último recado de Mujica para Putin
Ex-presidente uruguaio usou palavras fortes para se referir ao ditador russo que invadiu a Ucrânia

O ex-presidente uruguaio José "Pepe" Mujica (foto), que morreu na terça, 12, disse em uma entrevista ao jornalista Jordi Évole, do canal espanhol La Sexta, que o ditador russo Vladimir Putin era um "filho da...".
"A Europa perdeu a personalidade. Está acontecendo uma guerra de cachorros na Ucrânia. Isso poderia ter sido evitado há quinze anos. O problema da Rússia é a Otan [Organização do Tratado do Atlântico Norte]. Nenhuma potência vai deixar que coloquem foguetes na sua fronteira", disse Mujica.
O jornalista Jordi Évole, então, tentou emendar outra pergunta: "Sim, mas a reação de Putin neste caso...".
Mujica então fala: "Putin é um filho da...".
A entrevista completa foi ao ar em janeiro deste ano.
Mujica, apesar de entender muito bem a natureza de Putin, criticou a Otan, como fizeram outros líderes de esquerda, incluindo o presidente brasileiro Lula.
A mera instalação de foguetes e sistema de defesa aéreo em países da Otan que fazem fronteira com a Rússia, contudo, não pode ser considerada como um ato de agressão, a ponto de justificar uma invasão por terra e a morte de dezenas de milhares de pessoas.
Estagnação em termos de valores
Mujica também falou sobre a guerra para o site alemão Deutsche Welle.
"Será possível que a humanidade do futuro nos permita abandonar os orçamentos militares, a loucura da guerra? Será possível que os humanos diminuam uma parcela do egoísmo? Não será possível que, até certo ponto, nós humanos possamos trabalhar para nós mesmos com a intenção de recriar uma humanidade um pouco melhor?", disse o uruguaio.
"Qual o sentido do avanço tecnológico se, do ponto de vista dos conteúdos da vida humana, permanecemos estagnados, polidos pelo egoísmo, com uma enorme falta de empatia por quem nos acompanha na vida, e quando nos encontramos num mundo limitado, que está marcado pelo trabalho do homem e pela acumulação do homem, onde estamos progredindo do ponto de vista técnico permanentemente, mas notoriamente estamos agredindo a natureza, mas seguimos prisioneiros de uma civilização que confunde ser com ter?", perguntou.
"E finalmente, pareceria que lutamos por uma humanidade mais rica para o indivíduo, mas com uma estagnação em termos de valores e de solidariedade entre os humanos que assusta. Por que essas reflexões? Qual o sentido do engasgamento que está sentindo o mundo com o que pode ou não acontecer na Ucrânia?", afirmou Mujica.
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