O silêncio revelador no telefonema entre Lula e Trump
Os dois presidentes falaram por 40 minutos e prometeram ação conjunta para combater o crime organizado. Mas... e a Venezuela?
O Palácio do Planalto divulgou uma nota sobre um telefonema entre o presidente americano Donald Trump e o brasileiro Lula (foto) nesta terça, 2 de dezembro.
Mais importante do que aquilo que a nota diz é aquilo que ela omite.
De acordo com o governo brasileiro, o presidente Lula agradeceu a redução da tarifa adicional de 40% imposta a alguns produtos brasileiros.
Ao longo de 40 minutos de conversa, Lula também falou em "reforçar a cooperação com os EUA para combater o crime organizado internacional".
O Brasil, portanto, está do mesmo lado dos Estados Unidos nessa luta.
"[Lula] destacou as recentes operações realizadas no Brasil pelo governo federal com vistas a asfixiar financeiramente o crime organizado e identificou ramificações que operam a partir do exterior. O presidente Trump ressaltou total disposição em trabalhar junto com o Brasil e que dará todo o apoio a iniciativas conjuntas entre os dois países para enfrentar essas organizações criminosas", diz a nota.
Mas não há qualquer citação na nota ao ditador Nicolás Maduro ou à Venezuela.
Não há nada mais urgente na América Latina atualmente que a iminente ação militar americana para depor Maduro.
Trump já teria falado com o ditador pelo telefone, dando um ultimato para ele deixar o país para uma aposentadoria tranquila na Rússia ou na Turquia.
Lula já se manifestou no passado sobre isso, dizendo que intervenções estrangeiras não são bem-vindas.
Mas, estranhamente, a nota do Planalto desta terça preferiu esquecer Maduro e a Venezuela.
É possível que os dois presidentes não tenham falado sobre isso.
Ou que tenham falado, mas o tema não entrou na nota.
Uma hipótese é que Lula tenha entendido que a deposição de Maduro é inexorável, e que portanto não vale criar caso com isso.
Mais importante do que apoiar um antigo aliado, Lula está preocupado com as eleições do ano que vem.
O brasileiro, assim, já pode ter soltado a mão do amigo venezuelano.
Nesse contexto pré-eleitoral, conseguir acordos com os Estados Unidos para garantir o escoamento de produtos brasileiros tem parecido mais proveitoso.
Os próximos dias devem ser definitivos.
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