O que há na "PEC do hino", que gaúchos devem votar nesta terça
Os deputados estaduais do Rio Grande do Sul (foto) votarão nesta terça-feira (11), último dia antes do recesso, uma PEC que busca instituir "a proteção e imutabilidade dos símbolos do Estado do Rio Grande do Sul". A proposta busca alterar a constituição do estado para tornar "protegidos e imutáveis em sua integralidade" as armas estaduais,...
Os deputados estaduais do Rio Grande do Sul (foto) votarão nesta terça-feira (11), último dia antes do recesso, uma PEC que busca instituir "a proteção e imutabilidade dos símbolos do Estado do Rio Grande do Sul". A proposta busca alterar a constituição do estado para tornar "protegidos e imutáveis em sua integralidade" as armas estaduais, a bandeira e — principalmente — o Hino Farroupilha.
No centro de todo debate, está o verso "povo que não tem virtude acaba por ser escravo", já na penúltima estrofe do hino, estabelecido em 1966. Em um estado marcado por episódios como o dos lanceiros —onde centenas de soldados negros em busca de sua liberdade se juntaram à causa Farroupilha mas acabaram dizimados no Massacre dos Porongos— a ferida racial ainda não foi totalmente curada. Nos últimos anos, cresceu a pressão pela revisão da letra, considerada racista por políticos mais à esquerda.
Um grupo de 20 deputados estaduais gaúchos, capitaneado por Rodrigo Lorenzoni (PL), endossa a PEC. "Preservar nossos símbolos é preservar nossa história e cultura, manter a sociedade conectada com o legado histórico de nosso Estado que nos traz o sentimento de orgulho, raízes, pertença e tradição", escreveu o parlamentar ao justificar a proposta.
Para ele, a manutenção e imutabilidade dos símbolos "é um resgate histórico do nosso passado, para que, dispondo deles, possamos compreender o nosso presente e projetar um futuro". Ele diz que a proposta de revisão é "artificial e infundada por mero capricho de momento".
O assunto divide opiniões. Na Assembleia, as páginas do projeto guardam opiniões de cidadãos a favor e contra. Uma pessoa, favorável à imutabilidade, diz que o texto fala em "escravos" em um sentido amplo, sem se referir aos escravos negros brasileiros. Outro argumenta que "pessoas importam mais que símbolos" e que, ao ofender parte da população local, o hino deveria de fato ser repensado.
O hino que nesta terça pode se tornar imutável já foi alterado antes, há 57 anos. Em sua primeira versão, uma estrofe já dizia "entre nós revive Atenas/Para assombro dos tiranos/Sejamos gregos na glória/E na virtude, romanos".
O trecho foi suprimido a pedido de um deputado. Ele alegou que gregos e romanos pouco tinham a ver com a história gaúcha. O trecho que ficou no lugar também nunca pegou, e o Farroupilha é conhecido mesmo pelo refrão, em que se ordena que "sirvam nossas façanhas/De modelo a toda a terra".
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Comentários (2)
Fabio
2023-07-10 19:36:35Teste de frouxidão pro povo gaucho, se deixarem esse insulto e agressão à história do RS passar.
Gilnei Carvalho Ocacia
2023-07-10 14:33:02Povo por não ter virtude acaba por ser escravo" É óbvio, é só olhar o Brasil e a nova forma de escravidão, onde quem trabalha e produz é tungado pelas Três Quadrilhas comandadas a partir de uma praça da Ilha da Fantasia. o Verso não diz, como alguns com deficiência cognitiva ou de caráter, que todo escravo não tem virtude. Ou seja, a alteração é defendida por ignorantes e pelos caçadores de votos.