O que está atrasando os porta-aviões mais caros do mundo?
Descubra como atrasos na construção dos novos porta-aviões americanos podem impactar a capacidade de defesa dos EUA

Dois dos porta-aviões mais modernos da Marinha dos Estados Unidos, da classe Gerald R. Ford, enfrentam atrasos importantes na entrega, conforme indicam documentos orçamentários da Marinha e reportagens recentes da Defense News e da Newsweek.
O USS John F. Kennedy (CVN-79), inicialmente previsto para ser entregue em julho de 2025, teve sua entrega formal adiada para março de 2027.
O principal motivo são dificuldades técnicas na finalização do sistema de frenagem avançada, chamado Advanced Arresting Gear, e problemas nos elevadores de armas avançados.
Esses sistemas, fundamentais para a operação segura das aeronaves e o manejo de munições a bordo, já tinham causado atrasos na entrega do USS Gerald R. Ford (CVN-78), o primeiro da nova classe de navios.
O terceiro porta-aviões da série, USS Enterprise (CVN-80), também teve seu cronograma estendido de setembro de 2029 para julho de 2030. Segundo o Defense News, o atraso está ligado a dificuldades na obtenção de materiais e problemas na cadeia de suprimentos, consequência de desafios logísticos globais que persistem após a pandemia de COVID-19.
Além disso, especialistas entrevistados pelo site National Security Journal ressaltam que a base industrial naval dos Estados Unidos enfrenta problemas estruturais profundos.
O setor convive com a escassez de mão de obra qualificada, infraestrutura envelhecida e investimentos insuficientes desde o período pós-Guerra Fria, segundo análises feitas em Huntington Ingalls Industries, principal estaleiro responsável pela construção desses navios.
O Business Insider destaca que a Aircraft Carrier Industrial Base Coalition, que representa milhares de fornecedores e trabalhadores da indústria naval, alertou para a necessidade de mais de 600 milhões de dólares em financiamento antecipado para evitar que as linhas de produção essenciais para a próxima geração de navios fiquem paralisadas até 2027.
Essa paralisação seria a maior já registrada entre porta-aviões nucleares na história americana, com risco de uma séria perda da força de trabalho especializada.
Em audiência realizada em junho desse ano no Comitê de Apropriações do Senado dos EUA, o almirante James Kilby, comandante interino da Marinha, afirmou que a força está “atrasada em todas as classes de navios, com diferentes taxas, mas pelo menos por anos”. Essa declaração evidencia a profundidade dos desafios enfrentados para manter os cronogramas e a prontidão operacional da frota.
Para enfrentar esse cenário, a Marinha dos EUA tem adotado medidas como a revisão dos cronogramas de construção e manutenção, programas para atrair e reter mão de obra qualificada, além de pleitos ao Congresso para obter recursos adicionais que assegurem a continuidade da cadeia industrial.
A Huntington Ingalls Industries e outras empresas do setor trabalham para modernizar os estaleiros e adotar métodos de produção mais eficientes, na tentativa de reverter o quadro atual.
Apesar dos desafios, a marinha americana destaca que os porta-aviões da classe Ford continuarão sendo as plataformas de combate mais avançadas do mundo, ao lado das outras 8 embarcações de suas versões anteriores, da classe Nimitz, que pouco a poco serão aposentadas.
Só que para garantir a superioridade tecnológica e estratégica, será preciso superar esses entraves técnicos, financeiros e industriais que hoje atrasam sua entrega e abalam a sustentabilidade do programa de construção naval de defesa americano.
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