O que esperar do segundo turno na Bolívia
Rodrigo Paz Pereira atraiu votos de esquerda e que pediam mudança. Eleitores de Samuel Doria Medina serão decisivos

O segundo turno da eleição na Bolívia ocorrerá no dia 19 de outubro entre Rodrigo Paz Pereira (foto), de centro, e Jorge Tuto Quiroga, de direita.
Paz Pereira recebeu 32,14% dos votos, ante 26,81% de Quiroga, segundo o Sistema de Resultados Preliminares (Sirepre) do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) da Bolívia.
O empresário Samuel Doria Medina, da aliança Unidade, ficou em terceiro, com 19,86%.
O candidato mais de esquerda, Andrónico Rodríguez, ficou com apenas 8,22%.
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Na eleição anterior, em 2020, Luis Arce Catacora, indicado pelo cocalero Evo Morales, ganhou com 55% dos votos ainda no primeiro turno.
Mas seu desempenho na Presidência foi tão medíocre que Arce desistiu de tentar a reeleição.
E Evo Morales está foragido da Justiça, acusado de tráfico humano e abuso de uma menor. O Tribunal Constitucional também considerou que ele não poderia tentar um quarto mandato.
Alternativa no Centro
"A esquerda não conseguiu lançar nenhum nome de projeção. Com isso, Rodrigo Paz Pereira acabou sendo um receptor desse voto. Muitos bolivianos não queriam votar na direita e estavam em busca de uma opção", diz o cientista político Bruno Soller, da Real Time Big Data.
O que também ajudou Paz Pereira foi o fato de ele não ser uma pessoa muito conhecida. Com isso, atraiu o eleitorado que estava em busca de mudança.
"Rodrigo Paz Pereira fez uma gestão muito ruim como prefeito da cidade de Tarija, mas teve a seu favor o fato de ser um rosto novo na política nacional e ainda contar com um candidato a vice, Edman Lara, que arrastou muitos votos", diz o analista político boliviano Humberto Vacaflor.
Terceiro colocado
"O importante agora será acompanhar o comportamento do eleitor de Samuel Doria Medina, que ficou em terceiro lugar", diz Bruno Soller.
"Imagino que a tática do Jorge Tuto Quiroga será vincular Paz Pereira com a esquerda, para tentar pegar o voto que no primeiro turno foi para o Doria Medina."
"Esta eleição está totalmente aberta no segundo turno", afirma Soller.
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