O pano de Erdogan para o Hamas
O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan (foto), declarou nesta quarta, 25, que o Hamas "não é uma organização terrorista", mas um "grupo de libertação que luta para proteger a sua terra". "O Hamas não é uma organização terrorista, é um grupo de libertação, 'mujahideen' que trava uma batalha para proteger as suas terras e...
O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan (foto), declarou nesta quarta, 25, que o Hamas "não é uma organização terrorista", mas um "grupo de libertação que luta para proteger a sua terra".
"O Hamas não é uma organização terrorista, é um grupo de libertação, 'mujahideen' que trava uma batalha para proteger as suas terras e o seu povo", disse ele, usando a palavra árabe para designar aqueles que lutam pela religião.
Erdogan também afirmou que cancelaria uma viagem para Israel.
"Israel está matando crianças. Nunca poderemos permitir que essas crianças sejam mortas. Eu disse isso ao primeiro-ministro deles [Benjamin Netanyahu] uma vez, em Davos. Ele abusou da nossa boa vontade. Tínhamos programada uma viagem a Israel, mas foi cancelada. Eles abusaram da nossa boa vontade", afirmou Erdogan.
A romantização do Hamas, mesmo após o grupo matar mais de 1.300 israelenses, é um traço comum em grande parte do mundo árabe e na esquerda mundial. Acreditar que o Hamas tem uma causa legítima, contudo, é ignorar o real objetivo dos ataques de 7 de outubro. "Um mito consagrado é que Hamas essencialmente luta e faz terrorismo contra ocupação Israelense. Na verdade, o foco do Hamas é minar os progressos na paz entre Israel e palestinos e também de normalização de relações entre Israel e países árabes. O Hamas é a vanguarda do jihadismo global", escreveu o jornalista Caio Blinder no X.
A posição pró-Hamas de Erdogan é antiga e tem relação com a busca de uma liderança do turco no mundo muçulmano. Para conseguir isso, o turco sempre rivaliza com os iranianos Ali Khamenei e Ebrahim Raisi para ver quem dá a declaração mais anti-Israel, sempre que ocorre um conflito na Palestina.
Há anos, Erdogan tem apoiado o Hamas e se encontrado com vários líderes do grupo palestino, incluindo Ismail Haniyeh, que vive no Catar (a foto desta nota é de julho deste ano). Seus cabeças têm passaporte turco e muitos vivem parte do ano no país. Na Turquia, o Hamas tem um escritório desde 2011. O local é usado para recrutar membros e buscar financiamento para suas ações.
Além de manter ótimas relações com os terroristas palestinos, o presidente turco acolheu a Irmandade Muçulmana, organização fundada no Egito em 1928 e que foi o berço do Hamas, e incentiva a Ala Norte do Movimento Islâmico, que foi declarado ilegal em Israel e participou dos protestos no país em 2021.
Saudosista do Império Otomano, que governou em quase toda a região, Erdogan não viu com bons olhos a aproximação entre Israel e outros países árabes. O ataque do Hamas, dessa forma, foi providencial para Erdogan, assim como o foi para os iranianos, que têm uma longa aspiração de liderar a região e usam grupos terroristas para minar qualquer movimento que favoreça seus rivais ou que leve paz ao Oriente Médio.
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Comentários (1)
Juerg
2023-10-26 14:47:10“Grupos de libertação” então poderiam ser chamados também as entidades curdos que lutam para ter autonomia na Turquia há décadas! Lá esse idiota do Erdogan chama e trata os curdos como terroristas! É tão nojento igual ouvindo o Putin se preocupando com a população civil na Faixa de Gaza! Nojo desses caras falsa moralistas!!!