O Nobel da Paz assumiu um lado: contra Putin
O presidente da Rússia, Vladimir Putin (foto), deflagrou em fevereiro o maior conflito bélico na Europa desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Pelos cálculos da ONU, mais de 5 mil civis morreram na invasão da Ucrânia. Também já foram contabilizados mais de 9 mil óbitos entre os soldados ucranianos e 60 mil entre os...

O presidente da Rússia, Vladimir Putin (foto), deflagrou em fevereiro o maior conflito bélico na Europa desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Pelos cálculos da ONU, mais de 5 mil civis morreram na invasão da Ucrânia. Também já foram contabilizados mais de 9 mil óbitos entre os soldados ucranianos e 60 mil entre os militares russos.
No Brasil, essa guerra iniciada com justificativas torpes, como a expansão da Otan ou um suposto nazismo das autoridades ucranianas, ainda não mereceu uma reprimenda maior do presidente Jair Bolsonaro ou do seu opositor nas eleições, Lula.
Mas os especialistas do Comitê Norueguês do Nobel, que concede o prêmio da Paz, negam-se a ser cúmplices e optaram por ficar do lado certo da história.
Os três vencedores do prêmio integram a sociedade civil em três países diferentes. Todos compartilham o respeito aos direitos humanos e estão do lado oposto ao do autocrata russo.
O ativista Ales Bialiatski, da Belarus, fundou o centro para os direitos humanos Viasna, que dá apoio aos familiares de presos políticos e denuncia a tortura nos cárceres. Quem governa a Belarus é Alexander Lukashenko, aliado de Putin. Bialiatski já foi detido duas vezes. Na primeira, acusado de evasão de impostos. Na segunda, em 2021, após protestos contra uma eleição fraudulenta. Bialiatski publicou mensagens no Facebook à época, dizendo que as autoridades do país estavam agindo como um "regime de ocupação".
O Centro das Liberdades Civis da Ucrânia, que também irá dividir o prêmio, tem documentado a perseguição política nas áreas ao leste do país invadidas pelos russos desde 2014. Atualmente, seus membros estão coletando evidências de crimes contra a humanidade perpetradas pelos oficiais e soldados russos.
A ONG russa Memorial foi fechada no início do ano. Por trinta anos, a entidade coletou informações sobre pessoas executadas, presas ou perseguidas na União Soviética.
São todas causas moralmente nobres, que gritam contra o abuso do poder, o desrespeito aos valores humanos e o uso político da força policial e militar. Para um prêmio que promove a paz, nada mais condizente.
Mas as duas principais lideranças brasileiras vergonhosamente têm se esquivado de tomar posicionamento. Ou, até, colocam-se do lado errado. Lula já disse que o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky quis a guerra, que ele é "tão responsável" quanto Putin e que a Otan causou a invasão. Bolsonaro argumenta que qualquer posicionamento poderia comprometer o envio de fertilizantes ao Brasil.
No dia 30, o Brasil se absteve de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU que condenava a anexação de quatro províncias ucranianas. Na quinta, 6, os diplomatas do Itamaraty não assinaram uma declaração contra a invasão da Rússia na Organização dos Estados Americanos, a OEA. Nesta sexta, 7, o Brasil se absteve em uma votação para vigiar a repressão aos opositores de Putin no Conselho de Direitos Humanos da ONU.
Enquanto a falta de vergonha reina nos trópicos, os nórdicos do Nobel da Paz dão uma lição de moral.
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Comentários (5)
Nyco
2022-10-08 21:57:15O Brasil não tem nada a ver com essa guerra doméstica de russos x ucranianos. Precisamos priorizar o nosso lado, proteger o nosso agronegócio porque, infelizmente, dependemos da Rússia no que diz respeito aos insumos para as nossas lavouras. Portanto, é correto ficar neutro nessa briga que não é nossa.
MARCOS
2022-10-07 18:28:04Que vergonha! Os dois candidatos à presidência Brasil, irmanados e apoiando A INVASÃO da Rússia 🇷🇺 à Ucrânia 🇺🇦. O Lula eu posso entender, porque ele apoia toda ditadura, mas essa do Bolsonaro de omitir-se e, também, apoiar o Putin em troca de fertilizantes é de lascar. Partindo dessa premissa, a Venezuela 🇻🇪 ou os EUA 🇺🇸 estão autorizados a invadir e tomar posse da Amazônia, também.
Marcia
2022-10-07 14:25:37Lendo esse pequeno texto, dá para pensar em voto útil?
Hierania Avelino
2022-10-07 12:06:35A comunidade da Ucrânia, em Curitiba, merece respeito. Eles trabalham e contribuem para o PIB brasileiro. O Presidente Bolsonaro deveria ter mais consideração para com o povo ucraniano.
Ana
2022-10-07 12:01:02Que ABSURDA a atitude do Bolsonaro e do Lula com relação á falta de humanidade do Gov. Russo.Esse Putim é um CRIMINOSO Essa desculpa esfarrapada do Bolsonaro é totalmente criminosa.