O jogo do “bixo” do ministro Paulo Pimenta

Paulo Pimenta (foto), ministro das Comunicações do governo Lula, publicou na manhã desta terça, 13, uma dica de cultura.

“Você já assistiu o ‘Vale o escrito’. A guerra do jogo do bixo? Uma importante produção que relata de forma didática o universo dos crimes e negócios da cúpula do jogo e das escolas de samba do RJ. Vale muito a pena assistir“, escreveu o ministro no X, antigo Twitter.

Nas duas primeiras frases, Pimenta comete dois erros.

Na primeira, usa o verbo “assistir” diretamente com o artigo, sem a preposição. O correto seria “assistir ao“. Quando usado com o sentido de presenciar, ver, o verbo assistir é transitivo indireto.

Na segunda, o erro é ainda mais grave.

O ministro petista, que se formou em comunicação social e jornalismo pela Universidade Federal em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, escreve “bixo“, com a letra xis.

Mas “bixo” com a letra xis só é usado pelos universitários para falar dos calouros, aqueles estudantes que ainda estão no primeiro ano de faculdade. A palavra é usada como gíria, e não foi incluída nos principais dicionários da língua portuguesa.

O bixo dos calouros universitários obviamente não tem nada a ver com o jogo do bicho, aqueles em que os brasileiros apostam em um conjunto de números e em que cada dezena representa um animal.

O jogo do bicho, com “ch” foi criado no fim do Império como uma maneira de ajudar as finanças do zoológico que ficava no bairro de Vila Isabel, no Rio de Janeiro, que então era a capital do Brasil. Depois, ganhou adeptos em todo o país.

Mas qualquer um que escreva “jogo do bixo” em um computador ou celular é imediatamente avisado pelo corredor ortográfico do erro de português.

Alertado por outros usuários da rede X, que começaram a caçoar do ministro nos comentários de sua publicação, Paulo Pimenta corrigiu o erro usando um asterisco no final da expressão: “Jogo do Bicho*“.

Ufa. Ainda bem que o ministro formado em comunicação social sabe escrever direito. Agora o Brasil pode seguir sua dica e assistir ao documentário que ele indicou.