FBI via Wikimedia CommonsManuel Rocha, o embaixador americano, durante encontro com um agente disfarçado do FBI

O fim do embaixador americano que espionou para Cuba por 40 anos

05.12.23 10:46

Manuel Rocha (foto), diplomata dos EUA que serviu como embaixador na Bolívia entre 2000 e 2002, foi preso em Miami, na Flórida. O americano é acusado, por uma extensa investigação do FBI, de ter vazado segredos de Estado ao governo de Cuba.

A prisão, ocorrida na sexta-feira, 1º de dezembro, só foi tornada pública nesta segunda-feira, 4, após a audiência de Rocha ao juizado.

O diplomata, que fez sua carreira em postos na América Latina e no Caribe, teria mantido contato com o serviço secreto de Cuba desde 1980, no que é caracterizado como uma das mais ousadas e antigas traições ao governo americano em todos os tempos.

Ele teria indicado a sua rede de contatos com Havana a um agente do FBI, que se passou por um agente cubano durante uma conversa com Manuel. Nestes encontros, ele teria definido o próprio governo americano como “the enemy”,ou “o inimigo”e a Fidel Castro como “Comandante”.

“Esta ação expõe uma das infiltrações mais longas e em alto escalão, dentro do governo dos EUA, por um agente estrangeiro”, disse Merrick Garland, o procurador-geral americano. “Trair a confiança, ao jurar falsa lealdade aos EUA enquanto serve a um poder estrangeiro é um crime que será combatido com a força completa do Departamento de Justiça.”

Hoje um consultor independente ligado a think tanks americanos, Rocha já havia se envolvido em polêmica em 2002, quando era embaixador de Washington em La Paz. Em um episódio que o tornou querido pela direita americana, ele se manifestou dias antes da eleição do país, contra o então candidato a presidência Evo Morales.

“Quero lembrar o eleitorado boliviano”, disse o então embaixador, durante um evento, “que se eles querem votar em quer fazer a Bolívia voltar a exportara cocaína, isso colocará em perigo qualquer futura ajuda dos EUA a Bolívia”. A fala, considerada intervencionista, incendiou a campanha eleitoral e deu fôlego para o então nanico candidato a chegar em segundo lugar nas eleições  — e vencê-las quatro anos depois.

Com o histórico agora revelado pela Justiça, fica difícil saber o que Rocha pensava naquele momento.

Os comentários não representam a opinião do site. A responsabilidade é do autor da mensagem. Em respeito a todos os leitores, não são publicados comentários que contenham palavras ou conteúdos ofensivos.

500
Mais notícias
Assine agora
TOPO