O dentista árabe que pode viabilizar um novo governo em Israel
Caso os opositores do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, consigam formar um governo de coalizão até esta quarta-feira, 2, será a primeira vez que o país terá um governo apoiado por um partido árabe. Historicamente, legendas árabes sempre fizeram campanha entre os 20% da população de Israel pertencentes à etnia e, com seus votos, conquistaram assentos...
Caso os opositores do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, consigam formar um governo de coalizão até esta quarta-feira, 2, será a primeira vez que o país terá um governo apoiado por um partido árabe.
Historicamente, legendas árabes sempre fizeram campanha entre os 20% da população de Israel pertencentes à etnia e, com seus votos, conquistaram assentos no Parlamento, o Knesset. Contudo, eles sempre se recusaram a apoiar ou participar do governo, em um gesto em solidariedade com os árabes palestinos. Ao ficar de fora do Executivo, contudo, os partidos árabes ficaram impossibilitados de direcionar recursos para suas próprias comunidades.
Isso pode mudar agora. Nesta segunda, 31, o chefe de um desses partidos, o Lista Árabe Unida, Mansour Abbas (foto) estava em negociações com o partido de Yair Lapid e com o Yamina, de Naftali Bennett. O árabe Abbas poderia anunciar o seu apoio a qualquer momento, segundo o jornal Haaretz.
Lapid e Bennett já contam com o apoio de 58 deputados do Parlamento, que tem um total de 120 cadeiras. Se conseguirem somar as quatro cadeiras do Lista Árabe Unida, eles chegariam a 62, alcançando assim a maioria necessária para formar um governo e tirar Netanyahu do poder.
Dentista formado pela Universidade Hebraica de Jerusalém, Mansour Abbas também cursou ciência política na Universidade de Haifa. Fala árabe, hebraico e inglês. Uma de suas principais bandeiras tem sido a redução da criminalidade nos bairros árabes.
Enquanto ainda era aluno na universidade, Abbas fundou o Movimento Islâmico, o braço da Irmandade Muçulmana dentro de Israel. Surgida no Egito em 1928, a Irmandade é o berço de diversos grupos terroristas sunitas como o Hamas, a Al Qaeda e o Estado Islâmico. Atualmente, sua sede é na Turquia.
Contrariando essa origem, Abbas adotou uma linha mais pragmática e comandou a Ala Sul do Movimento Islâmico. Em vez de fazer coro com grupos terroristas palestinos, seu grupo se propõe a participar da política israelense para melhorar as condições de vida dos árabes.
No início deste ano, Abbas chegou a negociar com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Distanciando-se dos demais partidos árabes, ele anunciou que poderia apoiar um novo governo de Netanyahu em troca de mais verbas para as comunidades árabes. O apoio não se concretizou, uma vez que Netanyahu não conseguiu formar um governo com apoio da maioria dos 120 deputados. O motivo: representantes de partidos de extrema-direita recusaram-se a conversar com os árabes.
No final de abril, quando já era claro que Netanyahu não conseguiria formar um novo governo, Bennett, de direita, foi falar com Abbas. Entre as possibilidades está a de que o árabe apoie a formação de um novo governo em troca do atendimento de diversas demandas.
Abbas quer mais verbas para combater o crime nas comunidades árabes, mais dinheiro para os hospitais e pede o reconhecimento de três comunidades de beduínos ao sul de Israel. Na segunda, 31, ele cobrou o cargo de vice-ministro do Interior, que cuida da segurança pública. O pedido, inédito, encontrou resistência no partido Yamina, de Bennett.
Se o apoio de Mansour Abbas não se concretizar até esta quarta, 2, Yair Lapid perderá a chance de formar um governo. A partir daí, qualquer membro do Parlamento poderá reunir o apoio de 61 deputados para fazê-lo. Se isso não acontecer em 21 dias, uma quinta eleição poderá ser convocada em menos de dois anos. A chance de Mansour Abbas fazer história, então, terá passado.
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Comentários (1)
KEDMA
2021-06-01 11:41:02Obrigada pelas informações precisas Duda Teixeira.