Nusantara, a “resolução de ano novo” da Indonésia

A Indonésia se prepara para um ano e tanto: o país de 280 milhões de habitantes no sudeste asiático terá mais uma eleição geral, escolhendo o sucessor do atual presidente, Joko Widodo. E comemorará os 79 anos de independência em 17 de agosto com seu mais ambicioso presente: Nusantara, uma nova capital.

A nova cidade administrativa está sendo construída na ilha de Bornéu desde 2022, e deve ser entregue ainda em obras – que devem seguir por mais duas décadas. A ideia de mover a capital do país de Jacarta, a maior cidade do país, já era um plano desde Sukarno, o primeiro presidente do país.

Na última década, no entanto, o plano ganhou força graças ao desgaste da metrópole.

Por que Nusantara?

O estopim para reavivar os planos de mudança da capital foi o fato de que Jacarta, com seus 10,6 milhões de habitantes, está afundando.

A cidade, que concentra os polos financeiro, social e político do país, está afundando cerca de 15 centímetros por ano, em um dos ritmos mais rápidos do planeta. O motivo da desestabilização é o uso indiscriminado das nascentes e aquíferos da cidade, a principal fonte de água dos locais.

A cidade também está ao nível do mar e propensa a ainda cada vez mais alagamentos pelas mudanças climáticas, o que coloca sua viabilidade em risco.

Por isso, o governo da Indonésia autorizou, em 2021, um plano em duas partes: além da mudança de capital (que custará cerca de 35 bilhões de dólares no total), outro pacote será destinado para salvar a metrópole, na superpopulosa ilha de Java. Além da estabilização do solo, o governo pretende construir diques que segurem a água do mar contra a capital, aos moldes do que acontece em Nova Orleans, nos Estados Unidos.

Em 2022, as primeira autoridades em Nusantara tomaram posse. Agora, ministérios e palácios estão saindo a toque de caixa, com cerca de 200 mil envolvidos nas obras.

A eleição indonésia

A entrega da capital se dará dois meses após a eleição que definirá o sucessor de Joko Widodo. Sem poder se reeleger a um terceiro mandato, Jokowi, como é conhecido, tem uma aprovação historicamente muito alta, e tenta emplacar seu sucessor – o ministro da Defesa do país, Prabowo Subianto. 

A aliança entre o atual presidente e o general Subianto -que teve um papel fundamental no golpe que derrubou o presidente Suharto do poder, em 1998- se mostra ainda mais forte quando se vê que Gibran Rakabuming Raka, o filho mais velho de Jokowi, é o candidato a vice na chapa.

Parece que ele conseguirá, já que Subianto lidera a maior parte das pesquisas eleitorais do país com alguma folga, inclusive sobre Ganjar Pranowo, que representa o partido do atual presidente.

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