No auge da pandemia, laboratórios distribuíram 'kit covid' com ajuda de políticos
No ápice da pandemia, dois dos principais laboratórios farmacêuticos do país, a Apsen e a Eurofarma, realizaram doações de hidroxicloroquina, azitromicina e outros medicamentos do chamado "kit covid" para diversos estados do Brasil. Para fazer a distribuição, as duas empresas contaram com o apoio de deputados e senadores, que aproveitaram os repasses dos medicamentos ineficazes...
No ápice da pandemia, dois dos principais laboratórios farmacêuticos do país, a Apsen e a Eurofarma, realizaram doações de hidroxicloroquina, azitromicina e outros medicamentos do chamado "kit covid" para diversos estados do Brasil. Para fazer a distribuição, as duas empresas contaram com o apoio de deputados e senadores, que aproveitaram os repasses dos medicamentos ineficazes contra o coronavírus para fazer propaganda política.
Um relatório de 400 páginas em poder do Ministério Público Federal inclui notas fiscais e declarações desses dois laboratórios admitindo que realizaram a distribuição do "kit covid". No Espírito Santo, a doação foi feita por intermédio do senador Marcos do Val, do Podemos, que distribuiu os mais de 2 mil kits em igrejas e hospitais do estado. Defensor do tratamento precoce, o parlamentar chegou a anunciar a ação nas redes sociais, mas sem mencionar os laboratórios como fornecedores dos produtos.
Uma declaração do laboratório Apsen ao MPF (abaixo) admite que, “durante o ano de 2020, em razão da pandemia da Covid-19, atendeu e vem atendendo solicitações de doações destinadas ao combate da pandemia para diversos locais do Brasil, através de unidades de sulfato de hidroxicloroquina e reuquinol, marca do medicamento fabricado” pela empresa.
Notas fiscais enviadas ao MPF (abaixo) também comprovam as doações dos "kits covid" pela Eurofarma. Outro documento atesta que "a Eurofarma realizou e vem realizando doações destinadas ao combate da pandemia em locais de todo o Brasil, através do fornecimento de unidades de Azitromicina, bem como outros medicamentos”.
A maior parte das notas ficais e documentos é datada do segundo semestre do ano passado. À época, o senador capixaba chegou a dizer que os kits distribuídos por ele haviam sido adquiridos por meio de verba de emenda parlamentar. Agora, procurado por Crusoé, o senador confirmou, por meio de sua assessoria, que os medicamentos foram doados pelos laboratórios e não comprados com a verba parlamentar.
Por meio de nota, a Apsen disse que, no início da pandemia, recebeu diversos pedidos formais de doação do medicamento reuquinol (hidroxicloroquina) por parte de hospitais, clínicas, instituições e sociedades médicas. Também confirmou que atendeu a solicitações do senador Marcos do Val. “Parte dos pedidos visavam garantir o tratamento de pacientes crônicos, portadores de lúpus e artrite reumatoide, diante da falta do medicamento no mercado, naquele momento. Outros pedidos de doação visavam o uso para o tratamento de pacientes com Covid-19, com base na Nota Informativa nº 005-2020 do Ministério da Saúde, publicada em 27 de março de 2020. Essa nota do Ministério autorizou o uso de cloroquina e hidroxicloroquina para tratamento de pacientes com Covid-19”, acrescentou a empresa.
A Eurofarma, também em nota, confirmou que realizou a doação de medicamentos do chamado "kit covid". A farmacêutica afirma, porém, que essa distribuição foi feita junto com outros produtos. “A Eurofarma Laboratórios S.A., multinacional farmacêutica brasileira, realizou a doação de centenas de milhares de kits de higiene, máscaras de proteção individual, além de recurso financeiro para a ampliação de leitos de UTI e mais de 1,4 milhão de unidades de produtos acabados durante a pandemia, incluindo diversas classes de medicamentos”, diz o texto.
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Comentários (4)
maria s.q.escoda
2021-10-10 11:35:05Esse energúmeno tem cara, pinta de pilantra e é. Ouvi o charlatão , desesperadamente defender o kit curandeiro na CPI. Minha malícia não falha. Ele pareceu se encarapuçar e, autoencriminar
PAULO
2021-10-09 10:41:47Marcos do Val é um verme, um parasita na nossa sociedade, como ficou claro diante da sua atuação na CPI. Carlos Sanches da EMS é um oportunista, ávido por negócios obscuros. A decepção fica por conta da Eurofarma, que é uma farmacêutica séria. Distribuir medicamentos ineficazes para uma doença que mata, não é atitude de uma empresa ética. Moro Presidente 🇧🇷. A virtude vencerá o vício.
Humberto
2021-10-09 09:55:00Tudo coadjuvante da faculdade de medicina da universidade miliciana do RJ!!cambadada de Assassinos,pior que estão todos negando os atos de receitarem kit COVID para população, pior como saúde “Pública”!!!
KEDMA
2021-10-09 08:55:16Esse senador citado na reportagem nem é da área da saúde. Ganhar votos assim é fácil. No Brasil é comum os laboratórios usarem esse tipo de artifício para colocar seus produtos no mercado, já que aqui somos os campeões da automedicação.