Adriano Machado/Crusoé

‘Não vai ter outra oportunidade’, diz Bolsonaro sobre socorro a estados

26.05.20 18:54

O presidente Jair Bolsonaro (foto) indicou que o plano de socorro a estados e municípios, o qual será sancionado na quarta-feira, 27, trata-se do último auxílio do governo federal às unidades federativas durante a crise do novo coronavírus. Ele voltou a defender a retomada das atividades econômicas em meio à pandemia.

“É uma injeção de 60 bilhões de reais para estados e municípios. Mas acho que os prefeitos e governadores já sabem que não vai ter outra oportunidade. Nós não podemos continuar socorrendo estados e municípios que devem, no meu entender, de forma racional, começar a abrir o mercado”, disse em frente ao Palácio da Alvorada, nesta terça-feira, 26.

Além da transferência da cifra bilionária mencionada pelo presidente em quatro parcelas, a proposta prevê a suspensão de cerca de 65 bilhões de reais em dívidas de estados com a União, bancos públicos e organismos internacionais. Como contrapartida, a norma vai estabelecer o congelamento dos salários do funcionalismo por 18 meses.

Bolsonaro usou uma parábola para explicar a necessidade da flexibilização do isolamento social. “Você bota um sapo num caldeirão, né? De água na temperatura da lagoa e ele fica lá a vida toda. Se você  botar um foguinho embaixo, ele vai ficando, vai se sentindo relaxado, vai inchando, vai perdendo sua  forças. Quando pensa em sair, porque está muito quente, é muito tarde. E ele acaba sendo cozido. A questão da economia é a mesma coisa.”

A fala do presidente vai na contramão do pronunciamento do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, nesta tarde. O parlamentar argumentou que a quarentena não é culpada pela queda da economia. “Quem derruba a economia é o vírus. O distanciamento momentâneo entre as pessoas salva vidas”, discursou o deputado na Câmara.

Questionado sobre a postura de Maia, Bolsonaro discordou. “Nós sabemos que devemos nos preocupar com o vírus, em especial com os mais idosos, quem tem doenças, quem é fraco. Mas essa de fechar a economia… Estamos há 70 dias com a economia fechada. Até quando isso vai durar? Vamos enfrentar isso daí”, pontuou. “Sempre falam que a economia recupera, a vida não. Concordo que a vida não se recupera. Mas a economia não é assim, que com um estalar de dedos volta à normalidade”.

O chefe do Palácio do Planalto ainda disse estar disposto a abrir fronteiras. Ele contou que discutiu o assunto com o presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou. “É uma filosofia nossa, né? É uma realidade. Estamos perdendo vidas, sim, mas não tem que ter pânico, tem que enfrentar. Lamentar, fazer o possível para diminuir os óbitos. Mas a economia vai matar muito mais no futuro”.

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