Não está fácil para os defensores do governo Lula
Parlamentares petistas têm lutado guerras inglórias no Congresso, enquanto o presidente faz campanha pelo Brasil

Uma das cenas mais emblemáticas desta semana foi a chegada do senador Rogério Carvalho (PT-SE) a uma reunião da Comissão de Fiscalização e Controle do Senado na quarta, 3 (foto).
Esbaforido, sem fôlego e colocando a mão no peito, Carvalho reclamou da aprovação logo cedo de uma mini Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar possíveis irregularidades administrativas, financeiras, operacionais e institucionais na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. Ele ainda não estava presente.
"Eu vim correndo. Vossa excelência abriu sumariamente e botou em votação, sem que a gente tivesse o direito de se manifestar, numa manobra clara […] de atropelar o processo para não ter debate", disse Carvalho ao senador Hiran Gonçalves (PP-Roraima), que estava presidindo a sessão.
Ao lado de Hiran estava Flávio Bolsonaro, do PL, tomando tranquilamente uma xícara de café.
Leia em O Antagonista: Governo Lula perde fôlego (literalmente)
O caso é emblemático porque mostra como os parlamentares aliados do governo Lula estão tendo de enfrentar uma barra pesada no Congresso.
Com partidos do Centrão, como União Brasil e Progressistas, desembarcando do governo e outros se preparando para seguir o mesmo caminho, os situacionistas ficaram desprotegidos e isolados.
Na aprovação da mini CPI dos Correios e na CPMI do INSS, membros do Centrão e da direita articularam para levar adiante comissões que têm tudo para arranharem a imagem do governo.
O rombo dos Correios do ano passado, superior a 3 bilhões de reais, é produto de má gestão de Fabiano Silva, do grupo de advogados Prerrogativas, e da decisão de Lula de tirar a empresa da lista de privatizações.
A maior parte dos descontos dos aposentados e pensionistas do INSS se deu no governo Lula. Quando a CPMI do INSS foi montada, um cochilo do senador Randolfe Rodrigues (PT) deixou que ela caísse nas mãos da oposição, cujos membros têm sido determinados nas investigações.
Em uma situação assim, participar de uma Comissão tornou-se um péssimo negócio.
Tem que vestir muito a camisa de Lula para querer aparecer diante das câmeras defendendo o indefensável, um ano antes das eleições de 2026.
E é isso que explica a saída provável de quatro senadores do Centrão e da esquerda da CPMI do INSS.
Eles viram que o custo de defender o governo Lula não vale a pena.
Enquanto isso, o presidente viaja o Brasil todo em campanha eleitoral, prometendo benefícios sociais e lançando os candidatos de sua preferência pessoal, sem consultar ninguém.
Para quem fica no Congresso em Brasília, a conta não está valendo a pena.
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