Na Venezuela, derrubar estátua é fazer a revolução
Venezuelanos derrubaram estátuas do falecido ditador Hugo Chávez em algumas cidades nesta segunda, 29. Em Coro, no estado Falcón, eles usaram marretas. Em La Guaira (foto), bastou que eles empurrassem o monumento. Vídeos circularam nas redes sociais mostrando estátuas de Chávez sendo destruídas pela população, que empunhava bandeiras da Venezuela e gritava "Liberdade! Liberdade!". ...
Venezuelanos derrubaram estátuas do falecido ditador Hugo Chávez em algumas cidades nesta segunda, 29.
Em Coro, no estado Falcón, eles usaram marretas. Em La Guaira (foto), bastou que eles empurrassem o monumento.
Vídeos circularam nas redes sociais mostrando estátuas de Chávez sendo destruídas pela população, que empunhava bandeiras da Venezuela e gritava "Liberdade! Liberdade!".
Para os venezuelanos que vivem há 25 anos sob o chavismo, derrubar estátua é muito mais do que um gesto adolescente contra um inimigo imaginário. É fazer a revolução, desafiar a pessoa que abusa do poder e o usa contra o povo. É fazer algo para mudar o sistema e a própria vida.
Há três anos, os Estados Unidos e países europeus foram tomados por uma onda de jovens derrubando estátuas de colonizadores europeus, de donos e de traficantes de escravos.
Um dos principais alvos foi o explorador italiano Cristóvão Colombo, que descobriu a América.
No Brasil e em países da América Latina, a modinha também teve adeptos. Em São Paulo, delinquentes tentaram botar fogo na estátua do bandeirante Borba Gato.
Mas ninguém muda nada ao derrubar uma estátua de Cristóvão Colombo. A conquista da América é uma realidade inquestionável. A escravidão no Brasil não existe no mundo desde o final do século 19.
The dominoes continue to fall https://t.co/oY53PqAlEB
— Elon Musk (@elonmusk) July 30, 2024
Pode-se até argumentar que essas estátuas geram desconforto entre algumas pessoas, descendentes daqueles que sofreram nas mãos dos homens retratados nas estátuas.
Mas são ameaças que não existem mais. Não são reais. Não há bandeirantes entrando para caçar índios no interior do Brasil.
Na Venezuela é diferente.
Maduro é o herdeiro de Hugo Chávez e se diz o seu seguidor. Suas políticas são as mesmas.
O sistema chavista é o que mantém mais de 300 presos políticos, que são torturados nas masmorras do sistema.
O sistema chavista impede que a população prospere e viva em paz. O PIB já caiu 80% desde Chávez assumir o poder, em 1999. A violência é monopólio dos policiais, dos militares e das guerrilhas armadas de narcotraficantes que os ditadores importaram da Colômbia.
Derrubar estátuas de Chávez é desafiar um poder opressor real.
É confrontar a retórica de Maduro, que se coloca como um salvador da população que protege o seu povo das ameaças dos Estados Unidos, de Elon Musk, de Javier Milei ou de qualquer outro lugar.
Mas é todo o contrário. Os venezuelanos são massacrados pelo ditador Maduro, que quer se manter no poder por mais seis anos de maneira totalmente ilegítima, escondendo as atas dos centros de votação.
Ao derrubar as estátuas de Chávez, os venezuelanos mostram que querem se livrar daquele que os oprime.
Não é um gesto adolescente para ganhar atenção.
O que os venezuelanos querem é a liberdade.
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Comentários (2)
Carlos Renato Cardoso Da Costa
2024-07-30 15:49:33Sem mais. Toda solidariedade ao povo venezuelano
Gabriela Alvarez
2024-07-30 12:10:26Sem palavras para agradecer esse texto que só fala verdades. E isso só um venezuelano, como eu, pode apreciar.