Maia versus Moro

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, entrou em atrito com o ministro Sergio Moro (foto) nesta quarta-feira, 20, por causa do pacote anticrime enviado pelo titular da Justiça ao Congresso Nacional.

Pela manhã, Moro se mostrou irritado com o fato de Maia ter criado um grupo de trabalho para analisar o pacote junto com os projetos elaborados por uma comissão de juristas comandada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF.

Ao criar o grupo, Maia atrasou a tramitação do pacote, temendo que sua tramitação prejudicasse a reforma da Previdência. "O desejo do governo é que isso desde logo fosse encaminhado às comissões para os debates”, disse Moro.

Indagado sobre as declarações do ministro, Maia desqualificou o pacote. Disse que o texto é um "copia e cola" da proposta apresentada no ano passado pelo grupo de juristas comandado por Moraes.

"O funcionário do presidente Bolsonaro? Ele conversa com o presidente Bolsonaro e se o presidente Bolsonaro quiser ele conversa comigo. Eu fiz aquilo que eu acho correto", rebateu o presidente da Câmara.

"O projeto é importante. Aliás, ele (Moro) está copiando o projeto direto do ministro Alexandre de Moraes. É um copia e cola. Não tem nenhuma novidade, poucas novidades no projeto dele", emendou Maia.

Em nota distribuída à imprensa no início da noite desta quarta, Moro diz que apresentou o pacote em nome do governo Bolsonaro e que a "única expectativa" que tem é que o projeto tramite regularmente e seja "debatido e aprimorado pelo Congresso com a urgência que o caso requer".

"Essas questões sempre foram tratadas com respeito e cordialidade com o presidente da Câmara, e espero que o mesmo possa ocorrer com o projeto e com quem o propôs", afirmou.

"Não por questões pessoais, mas por respeito ao cargo e ao amplo desejo do povo brasileiro de viver em um país menos corrupto e mais seguro", acrescentou o ministro da Justiça.

Moro encerra a nota de maneira pouco usual em suas manifestações públicas: "Que Deus abençoe essa grande Nação".