Lula prefere ditadores a Trump
Apesar da crise tarifária com os EUA, o petista não demonstra interesse em conversar diretamente com o presidente americano

A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de aplicar tarifas de 50% aos produtos importados do Brasil, sob a justificativa de que o governo Lula (PT) estaria promovendo uma "caça às bruxas" a Jair Bolsonaro (PL), aliado do republicano, e a promessa de retaliação brasileira mediante aplicação da "Lei de Reciprocidade Econômica", expôs a falta de diálogo entre o alto escalão dos dois governos.
Desde que Trump retornou à Casa Branca, em 20 de janeiro de 2025, Lula não fez nenhum contato direto com o presidente americano.
Em vez disso, o petista reforçou os laços com ditadores alinhados ideologicamente a ele e ao PT.
Com Vladimir Putin, por exemplo, Lula conversou duas vezes por telefone com o ditador russo, além de participar de uma reunião bilateral com o chefe do Kremlin em Moscou, onde acompanhou o desfile militar em celebração dos 80 anos do Dia da Vitória na Segunda Guerra Mundial.
"Esta minha visita é para estreitar e refazer com muito mais força a nossa construção de parceria estratégica. O Brasil tem interesses políticos, comerciais, culturais, científicos e tecnológicos com a Rússia", disse o petista na ocasião.
Em maio de 2025, Lula também visitou o ditador chinês, Xi Jinping, em Pequim.
"A nossa relação com a China é muito estratégica. A gente quer aprender e, também, atrair mais investimentos para o Brasil. A gente quer mais ferrovia, mais metrô, mais tecnologia. A gente quer inteligência artificial. A gente quer tudo o que eles possam compartilhar conosco. E a palavra correta é ‘compartilhar’. Porque a gente precisa aprender a trabalhar junto para que as coisas possam dar os frutos que nós precisamos", afirmou o presidente brasileiro durante sua passagem pela capital chinesa.
Com o ditador cubano Miguel Díaz-Canel, sucessor dos irmãos Castro na ilha, o petista almoçou na segunda-feira, 7, em meio à cúpula do Brics, realizada no Rio de Janeiro.
"Temos que ter vontade política de negociar"
O diplomata Rubens Barbosa, ex-embaixador do Brasil em Londres e Washington, afirmou nesta quinta-feira, 10, à CNN Brasil que o governo Lula precisa colocar as diferenças ideológicas com Trump de lado e "ter vontade política de negociar".
"Nós temos que reparar essa deficiência durante oito meses de não ter nenhum canal azeitado de comunicação com a administração Trump. Isso, na minha visão, por uma questão ideológica. Você não pode deixar o partidarismo e a ideologia contaminarem a política externa. E agora a política comercial. Na hora de negociar, a gente tem que ser objetivo. Nessa hora, o interesse brasileiro está na abertura de conversas concretas, não ideológicas, com o governo americano."
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