Ricardo Stuckert/PRLula, durante com Cesar Peluso em 2010. Um dos primeiros indicados à corte

Lula já indicou quase um STF inteiro

29.11.23 13:34

À exceção de Getúlio Vargas — que interviu no Supremo Tribunal Federal (STF) durante sua ditadura nos anos 1930 — nenhum governante em eras democráticas indicou tantos ministros à Suprema Corte quanto Lula. Com o nome de Flávio Dino encaminhado ao Senado, o petista encaminha seu 10º nome à cúpula do Judiciário, quase uma corte de 11 ministros inteira.

Em 2003, quando o Judiciário era bem mais discreto do que é hoje, Lula conseguiu algo impensável para os dias atuais: aprovar três nomes tranquilamente no Senado, em um único dia. César Peluso assumiu primeiro, em 6 de junho. Ayres Britto e Joaquim Barbosa assumiram juntos, em 25 de junho daquele ano.

Aos jornais da época, Peluso negaram qualquer ligação ideológica com o presidente. “Eu me sinto escolhido por critérios objetivos que levaram em conta os interesses que o cargo exige”, disse Peluso — que fez carreira no TJ paulistae ficou até 2012 na Corte. “Eu fui chamado quando estava a 12 mil km de distância daqui, em atividade acadêmica nos EUA, portanto não vejo onde está a afinidade”, respondeu Ayres Britto —um advogado com décadas de atuação, que havia até concorrido a deputado pelo PT em 1990 e que também ficou até 2012 na Corte.

À época, o líder do governo no Senado, Aloízio Mercadante (PT-SP), defendeu a nomeação de Barbosa — o primeiro afrodescendente desde 1919 — como parte de políticas afirmativas que Lula e o PT pretendiam implementar.

Mas alguns nomes desta dezena são dissabores para Lula: Joaquim Barbosa foi o relator do mensalão na corte, que não apenas erodiu a confiança pública no PT como deu um protagonismo inédito até então à Corte.

As outras cinco nomeações que Lula fez na sua primeira passagem pelo Planalto (Eros Grau, Cármen Lúcia, Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski e Menezes Direito) também tiveram suas questões: o petista nunca engoliu a negativa dada por Dias Toffoli para que ele, então preso em Curitiba, fosse ao enterro do seu irmão Vavá em janeiro de 2019. A rusga com Cármen Lúcia (e sua defesa da Lava Jato) é apontada como uma das razões ao petista indicar mais um homem à Corte, isolando a ministra até, ao menos, 2028.

Junto com Dilma Rousseff, o PT indicou 15 ministros à corte — dos que hoje estão no plenário, apenas Gilmar Mendes é de antes de Lula; Alexandre de Moraes (indicado por Michel Temer), Nunes Marques e André Mendonça (indicados por Jair Bolsonaro) são as exceções.

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