Jovem conta como o Talibã tomou a Universidade Americana do Afeganistão
O grupo terrorista Talibã tomou o poder no Afeganistão em 15 de agosto, um domingo. No dia seguinte, homens armados entraram na Universidade Americana do Afeganistão, a AUAF, que é privada e recebia ajuda financeira dos Estados Unidos. No dia 19, um membro do Talibã publicou nas redes sociais uma foto de militantes em frente ao...
O grupo terrorista Talibã tomou o poder no Afeganistão em 15 de agosto, um domingo. No dia seguinte, homens armados entraram na Universidade Americana do Afeganistão, a AUAF, que é privada e recebia ajuda financeira dos Estados Unidos. No dia 19, um membro do Talibã publicou nas redes sociais uma foto de militantes em frente ao prédio da universidade (foto) com a mensagem: "Hoje o nosso time de ensino superior visitou a AUAF. Nesse lugar, uma geração de muçulmanos como lobos em peles de cordeiro esteve atuando contra o islamismo".
Mais de dois meses depois, alunos e professores não puderam entrar novamente no prédio. "Eles acham que, por ser uma universidade americana, os professores estavam pregando contra o islamismo, o que não é verdade", diz Benesh, uma ex-aluna do curso de administração, que trabalhava como funcionária e pediu para que seu nome verdadeiro não fosse revelado. "O que os professores estavam nos ensinando é como trabalhar, como ser líderes do futuro e como construir nosso país, em igualdade com os homens. Mas essas coisas os incomodavam."
Benesh se lembra de como, em 2016, o Talibã realizou um ataque contra a AUAF e matou treze pessoas, incluindo um de seus colegas. "Depois, eles assumiram orgulhosamente a autoria do ataque. Eu consegui escapar, porque era de noite e me escondi", diz a ex-aluna, de 26 anos. Pouco antes do ataque, dois professores — um americano e outro australiano — foram sequestrados. Eles só foram liberados dois anos depois, em uma troca de prisioneiros com o governo afegão.
Após cada ataque, a universidade voltava a abrir as aulas, com segurança redobrada e mais torres de vigilância. "Após as mortes de 2016, nós voltamos de diferentes províncias do Afeganistão. Acreditávamos que a educação prevaleceria. Foi preciso muita bravura e coragem para superar todos os obstáculos e riscos para continuar nossa educação em uma universidade americana", diz Benesh.
Como o Talibã agora tem o poder total, uma retomada das classes não é mais viável. Segundo Benesh, todas as garotas com mais de 12 anos estão proibidas de frequentar escolas. Universidades foram fechadas e mulheres não têm mais o direito de trabalhar. "Basicamente, não temos mais nenhum direito humano", diz Benesh.
Alguns estudantes com mais recursos e professores estrangeiros da AUAF foram levados para outros países, mas os funcionários ficaram no Afeganistão. A sede da universidade foi transferida para Doha, no Catar. A diretoria agora está toda no exílio. "Provavelmente, os combatentes do Talibã usarão o prédio para fazer uma escola islâmica. Não sabemos", diz Benesh. "Os ex-alunos da AUAF precisam de apoio para serem evacuados do país", alerta ela.
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Comentários (7)
VARLICE
2021-11-01 14:04:50Muito triste a situação das meninas e mulheres nesse país.
Jorge
2021-11-01 10:06:22Que sirva de lição: educação e religião não se misturam.
ARTHUR
2021-11-01 09:02:23A desumanidade está cada vez maior no mundo, e o pior é ver tanta gente vaga bun da fazendo atrocidades em nome de Deus! A palavra de Deus só se apoia no amor, o resto é balela da humanidade e cabe a nós escolher em que acreditar.
Sergio Roberto de Oliveira
2021-11-01 08:19:40País governado por fanáticos religiosos dá nisso, é atraso, corrupção, miséria, fome. Não, não é Afeganistão. É Brasil !!!
Welgheringer
2021-11-01 05:41:33... Está em construção no Brasil a todo vapor a Ditadura do Divino. ... Há muitos acusados de coisas não tanto "divinas" no meio desses "abençoados".
MARCOS
2021-10-31 19:39:06TERRORISTAS E GOVERNOS AUTORITÁRIOS QUEREM O POVO BUHRRO PARA LHES COLOCAR CABRESTO E MANTER A ETERNIDADE NO PODER.
MARCIO
2021-10-31 17:37:35Lembre-se todos muito bem que nossa esquerda brasileira, as universidades, escolas e professores apoiaram o Talibã publicamente.