Israel rebaixa relações com Brasil após silêncio sobre embaixador
Nomeação de Gali Dagan foi ignorada pelo Itamaraty; Comunicado cita "linha crítica e hostil" do governo Lula

O governo de Israel rebaixou oficialmente o nível de suas relações diplomáticas com o Brasil, após o governo Lula rejeitar a nomeação de Gali Dagan como novo embaixador em Brasília.
"Após o Brasil, excepcionalmente, se abster de responder ao pedido de agrément do embaixador [Gali] Dagan, Israel retirou o pedido, e as relações entre os países agora são conduzidas em um nível diplomático inferior", afirmou o Ministério de Relações Exteriores em um comunicado, divulgado pelo jornal The Times Of Israel.
A nota aponta que o gesto é uma resposta à "linha crítica e hostil que o Brasil tem demonstrado em relação a Israel" desde o massacre do Hamas, em 7 de outubro de 2023.
Segundo o governo israelense, a relação piorou após o presidente Lula (PT) acusar Israel de genocídio na Faixa de Gaza, comparando as ações com o Holocausto.
Com isso, o petista passou a ser declarado persona non grata no país.
Relação estremecida
A retirada da candidatura de Dagan ocorreu pela falta de resposta oficial do Itamaraty.
As relações bilaterais passam a ser medidas inferior ao de embaixador.
Os dois países serão representados por seus encarregados de negócios.
No ano passado, o governo Lula retirou seu embaixador de Israel e não indicou um substituto.
Memória do Holocausto
Em agosto, o Brasil deixou a Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA).
O assessor especial de Lula (PT) para Assuntos Internacionais, Celso Amorim, afirmou que o governo brasileiro se sentia 'manipulado' pela aliança, criada para promover a educação e a pesquisa sobre o Holocausto e aperfeiçoar políticas de enfrentamento ao antissemitismo.
"O problema é que digamos, como você de alguma maneira aludiu [referindo-se ao jornalista Pedro Doria, autor da pergunta] é que havia uma manipulação do conceito de antissemitismo de uma maneira totalmente inaceitável", afirmou Amorim ao programa Roda Viva, da TV Cultura.
"Ninguém nega o Holocausto no Brasil, pelo contrário. Eu vi o presidente Lula chamando atenção do presidente do Irã. Você não pode negar um fato histórico. Isso é um fato histórico. Se você acha que os muçulmanos também estão sendo mortos ou que os palestinos... é outra questão. Então nós nunca negamos isso", acrescentou.
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