Adriano Machado/Crusoé

Florianópolis completa 30 dias sem mortes pelo novo coronavírus

03.06.20 21:43

Enquanto o país amarga a ascendência do número de mortes provocadas pelo novo coronavírus, Florianópolis, capital de Santa Catarina, completa nesta quarta-feira, 3, um mês sem o registro de óbitos decorrentes da pandemia. Ao todo, o município contabiliza sete fatalidades e 710 casos. 

Segundo as autoridades, os indicadores que destoam do cenário observado no restante do Brasil foram obtidos com a imposição da quarentena em 17 de março e o pioneirismo na implementação de medidas alternativas para a contenção da circulação do vírus. “Quando você olha o número de mortes, isso é o resultado final do processo”, ressaltou o secretário municipal de Saúde, Carlos Alberto Justo da Silva.

A exemplo, o aeroporto internacional Hercílio Luz foi o primeiro do país a contar com uma barreira sanitária, onde profissionais aferem a temperatura corporal de passageiros e os testam. Há duas semanas, o modelo impediu que um médico infectasse colegas. Ele desembarcou na cidade para um plantão e, após se submeter ao exame gratuito, descobriu que estava com Covid-19.

Os testes em massa não se restringem ao aeroporto. Ao contrário do que sugere o Ministério da Saúde, a cidade examina todas as pessoas com sintomas de Covid-19, dos casos mais leves aos mais graves. Aqueles que recebem o resultado positivo e não dispõem das condições necessárias para o isolamento são levados pelo governo a pousadas ou hotéis com a instalação adequada.  

Além disso, no município, para cada 3 mil pessoas, há uma equipe da área de Saúde da Família, formada por médico, enfermeiro, auxiliar de enfermagem e agente comunitário. “Cada equipe dessa tem um celular e se comunica por um número próprio. Todas essas 3 mil pessoas sabem qual é o número e conversam com os profissionais diretamente via WhatsApp para qualquer situação de saúde”, explicou Carlos.

Na visão do secretário de Saúde, outra explicação para os índices é o investimento da Prefeitura em outras frentes. Na cidade, microempreendedores individuais têm acesso a empréstimos de até 2 mil reais, sem juros, e as famílias de alunos da rede pública recebem, em um cartão, valor suficiente para a compra de uma cesta básica. “Não basta isolar as pessoas. Você tem que dar condições para que elas permaneçam isoladas”, argumentou.

A redução do percentual de contaminações e o consequente freio no número de mortes permitiu que Florianópolis se tornasse uma das primeiras capitais do país a retomar as atividades econômicas.

Na capital catarinense, já funcionam o comércio de rua e os shoppings centers, por exemplo. Em 17 de junho, o transporte público deve voltar a rodar, com ocupação máxima de 40%. Após essa fase, a Prefeitura ainda vai analisar o retorno das aulas e a permissão a eventos.

Para prosseguir com a flexibilização sem comprometer os bons resultados, o governo municipal pretende priorizar a identificação de assintomáticos. Para isso, usará um novo modelo dos exames RT-PCR, mais rápido e barato e capaz de analisar amostras de 10 a 15 pessoas por vez.

A nova versão fornece um resultado único. Ou seja, se for negativo, significa que ninguém do grupo está contaminado. Caso o laudo comprove a infecção, todos serão submetidos individualmente a um teste mais preciso. Com a medida, a gestão local deve economizar e aumentar o número de testagens. 

A equipe à frente do combate ao coronavírus ainda estuda o uso de câmeras termossensíveis para encontrar casos suspeitos da doença em meio a multidões. “Queremos colocá-las dentro de terminais de embarque do transporte público, para que possamos encontrar pessoas com temperaturas elevadas, impedindo que entrem nos ônibus e as isolando”, detalhou.

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