EUA poupam Brasil e miram em Moraes
"Ficou quase tudo de fora do tarifaço", diz Thiago Vidal, diretor de análise política da Prospectiva

O governo de Donald Trump (foto) anunciou nesta quarta, 30, o tarifaço a produtos brasileiros de 50% e sanções contra o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes.
Em relação ao temido tarifaço, a enorme lista de isenções trouxe um alívio para muitos exportadores brasileiros. O resultado não foi tão ruim.
A mesma sorte não teve Moraes, que terá sérios problemas para comprar passagens de avião, ter cartões de crédito, contas bancárias e usar aplicativos no celular.
Se o governo americano mantiver essa postura, ficará mais difícil para o governo Lula insuflar o sentimento nacionalista, uma vez que as medidas mais graves foram tomadas contra um indivíduo, e não contra um país.
Leia em Crusoé: Como a Magnitsky afeta Moraes
De acordo com Thiago Vidal, diretor de análise política da Prospectiva, o tarifaço repleto de isenções não é o pior cenário para o Brasil.
"Me arrisco a dizer que ficou quase tudo de fora do tarifaço. A lista de isenções inclui a maioria dos itens estratégicos, com exceção de carne e café", diz Vidal.
"Esse foi o melhor cenário no sentido comercial. A questão política de Jair Bolsonaro persiste, mas aparentemente não foi um entrave tão grande assim", diz o analista.
Segundo Vidal, o que provavelmente impediu o pior cenário para os exportadores brasileiros foi a atuação dos empresários americanos, que importam produtos.
"Claro, o governo Trump é imprevisível. A gente nunca sabe o dia de amanhã. Mas hoje, por enquanto, o cenário é o menos pior entre todos os que foram traçados", afirma Vidal.
"Teve uma atuação muito forte dos empresários americanos, que dependem dessas importações brasileiras. O Trump entendeu isso e não quis correr um risco desnecessário. Isso fica claro sobretudo ao ver a lista de exceções, que inclui partes de aeronaves, aço, petróleo e suco de laranja."
"Foi um bom sinal, mas é difícil ficar tranquilo com o governo de Trump. A gente nunca sabe o dia de amanhã. Acho que a gente deveria ficar particularmente preocupado com o eventual julgamento e prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro, pois aí sim poderíamos ter um recrudecimento da relação bilateral", afirma Vidal.
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