EUA emplacam ativista cubana para a CIDH
Rosa María Payá, filha de opositor assassinado pelo regime cubano, superou candidato brasileiro

Indicada pelos Estados Unidos, a ativista cubana Rosa María Payá foi eleita nesta sexta-feira, 27, nova integrante da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH).
Payá obteve 20 votos contra 19 da candidata Marion Bethel, de Bahamas. As duas conquistaram as vagas.
O secretário de Estado americano, Marco Rubio, que é filho de cubanos, parabenizou a vitória da ativista.
"Parabéns à Paya que acaba de ser eleita para a Comissão Interamericana de Direitos Humanos. A voz de Payá e sua incansável defesa da liberdade, da democracia e dos direitos humanos em nossa região são mais necessárias do que nunca", escreveu no X.
Também no X, Payá disse que seguirá "esse caminho" pelo pai, Oswaldo Payá, morto pelo regime cubano em 2012.
"Obrigado, Secretário Marco Rubio, pela sua liderança ousada. Sua defesa inabalável da liberdade em nosso hemisfério. Sua audácia abriu caminho. É uma honra trilhar esse caminho por meu pai e por aqueles que nunca param de lutar pela liberdade", publicou.
A terceira e última vaga disponível será definida entre o brasileiro Fábio de Sá e Silva e o mexicano José Luis Cabellero Ochoa, em 11 de julho, na sede da OEA.
Pressão dos EUA
Em março, os Estados Unidos indicaram Payá como candidata.
Com pouco apoio, ela era dada como derrotada na disputa.
No entanto, o cenário mudou quando o subsecretário do Departamento de Estado americano, Chris Landau, afirmou que o presidente Donald Trump estava revisando a participação dos EUA na organização.
“Como vocês devem saber, o Presidente (Donald) Trump emitiu uma ordem executiva no início deste governo, instruindo o Secretário de Estado (Marco Rubio) a revisar todas as organizações internacionais das quais os Estados Unidos são membros , dentro de seis meses, para determinar se tal filiação atende aos melhores interesses dos Estados Unidos e se essas organizações podem ser reformadas. Ao concluir essa revisão, o Secretário deverá reportar suas conclusões ao Presidente e recomendar se os Estados Unidos devem se retirar de alguma dessas organizações. Essa revisão está em andamento e, obviamente, a OEA é uma das organizações que estamos revisando", afirmou.
Promessas
Após a votação, Payá prometeu "aproximar a Comissão das vítimas, dos mais vulneráveis".
Ela afirmou que irá "defender a democracia na região".
"Nações inteiras enfrentam colapsos no Estado de Direito, e a repressão política, incluindo a repressão digital, está se intensificando. A migração forçada sobrecarrega as capacidades institucionais, e comunidades inteiras são deslocadas pela degradação ambiental, violência armada", afirmou.
"Nasci debaixo da tirania mais forte e sangrenta que já sofreu nosso continente. Essa tirania custou o fim da democracia na Nicarágua e Venezuela, além de provocar a maior crise migratória da história. As Américas pagaram um preço altíssimo por tolerar durante tanto tempo o regime cubano. Cabe a nós, as mulheres e os homens das Américas, deter de uma vez por todas a cabeça do polvo autoritário e a todos os seus tentáculos, que tanta dor semeiam em nossos países.
Meu pai, que deu sua vida pela liberdade, estava convencido que os direitos humanos existem além das fronteiras da política ou da cultura. Não se outorgam: se protegem. Seu exemplo é minha inspiração para defender a todas as vítimas desde a Comissão Interamericana de Direitos Humanos", diz trecho da carta publicada nas redes sociais.
Pai assassinado
A cubana aproximou-se dos EUA após morte do pai, Oswaldo Payá, em 2012.
Ele morreu em um acidente de carro em Cuba, mas há suspeitas de que o regime cubano tenha promovido o assassinato.
Oswaldo liderava uma campanha popular por um referendo que permitiria aos cubanos o direito da escolha de seu sistema político.
Em 2023, a CIDH concluiu que a ditadura foi responsável pelas mortes de Oswaldo e do ativista Harold Cepero, que estava no veículo.
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