EUA e Irã vão conversar, mas "em quartos separados"
Diplomatas americanos e iranianos devem se encontrar em Omã para discutir programa nuclear

Diplomatas americanos e iranianos irão se reunir em Mascate, capital de Omã, no próximo sábado, 12, para discutir um acordo nuclear sobre o programa nuclear iraniano.
Se ocorrer, o encontro será o primeiro entre os países desde 2015.
Em maio de 2018, Donald Trump retirou os Estados Unidos do acordo que tinha sido costurado com as potências europeias, afirmando que o Irã financiava grupos armados no Oriente Médio, como os Houthis no Iêmen, o Hezbollah no Líbano, milícias xiitas no Iraque e o regime do ditador sírio Bashar Assad.
Com a saída americana, sanções voltaram a prejudicar a economia iraniana.
"A retirada dos Estados Unidos do acordo pressionará o regime iraniano a alterar seu curso de atividades malignas e garantir que os atos malvados iranianos não sejam mais recompensados. Como resultado, tanto o Irã quanto seus representantes regionais serão notificados. Tão importante quanto isso, esta etapa ajudará a garantir que os fundos globais parem de fluir para atividades terroristas e nucleares ilícitas", disse Trump em seu decreto de 2018.
Direto ou indireto?
Mas há dúvidas sobre como classificar as negociações previstas para ocorrer em Omã.
Trump afirmou que serão negociações diretas.
“Estamos tendo conversas diretas com o Irã, e elas já começaram. Vão acontecer no sábado. Temos uma reunião muito grande, e veremos o que pode acontecer”, disse Trump a repórteres no Salão Oval da Casa Branca na segunda, 7, durante um encontro com o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu.
No mesmo dia, o ministro de Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, negou que as conversas seriam diretas.
"O Irã e os Estados Unidos se reunirão em Omã no sábado para conversas indiretas de alto nível. É tanto uma oportunidade quanto um teste. A bola está no campo da América", escreveu Araghchi na rede X.
O ponto de Araghchi é que os diplomatas não ficarão no mesmo quarto, ou na mesma sala.
Os americanos ficarão em um espaço. Os iranianos em outro.
Então, diplomatas de Omã ficarão entre os dois cômodos, levando bilhetes para um lado e para outro.
Khamenei não deixa
O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei (foto), proibiu conversas diretas com os Estados Unidos desde que Trump retirou o país do acordo nuclear.
É Khamenei quem decide, sozinho, sobre o enriquecimento de urânio, uma das matérias-primas da bomba atômica.
Em Viena
O vaivém de bilhetinhos entre duas salas já aconteceu em Viena, na Áustria, em 2021.
Naquele ano, Joe Biden era o presidente dos Estados Unidos e os diplomatas europeus ficaram encarregados do trânsito de mensagens de um quarto para o outro.
As conversas no governo Biden não tiveram resultado.
Trump, desta vez, está ameaçando que, se as negociações não chegarem a um acordo, o Irã estará em "grande perigo".
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