EUA cortam taxa de juros, mas Fed sinaliza cautela
Com consumo forte e mercado de trabalho crescendo menos, Fed reduz juros, mas deixa em dúvida se seguirá com o movimento de cortes
O Banco Central americano, Fed, reduziu a taxa de juros local em 0,25 pontos percentuais nesta quarta-feira (29), deixando o intervalo de referência para cerca de 3,75% a 4%.
Mais importante do que esse número, que já era esperado pelo mercado, foi a manifestação do presidente da entidade, Jerome Powell deixando claro que um novo corte em dezembro não está garantido.
A decisão dependerá do que dirão os novos dados, mostrando que a margem de manobra da autoridade monetária está bem mais estreita do que o mercado vinha estimando e do que Trump, que pressiona constantemente por mais e maiores cortes, gostaria.
O comunicado do comitê de política monetária expôs algumas divisões internas, com um diretor achando que o corte poderia ter sido maior e outro que não deveria ter sido feito.
Mais do que isso, parte dos dirigentes acredita que o consumo interno, ainda aquecido, e o impulso tecnológico trazido pela inteligência artificial mantêm a economia aquecida, o que permite agir com mais calma em relação a uma nova redução dos juros.
Outra ala, porém, argumenta que o impacto das taxas elevadas ainda não se refletiu totalmente no mercado de trabalho e por isso, acreditando que há espaço para novos cortes.
Esse embate é importante porque, apesar da desaceleração na criação de vagas de emprego nos EUA, o consumo segue forte, o que complica a leitura de quão fraco poderia ficar o mercado de trabalho e o quanto ele deveria pesar mais do que os riscos de inflação.
Outro ponto é a inflação persistente, que segue distante da meta de 2% da Fed. Qualquer expectativa de normalização prematura do ciclo de cortes estaria sujeita à comprovação de trajetória sustentável de queda nos índices de preços.
Powell reforçou a necessidade de ver para crer, alertando que o Fed pode manter a política em um nível moderadamente restritivo, isto é, sem novos cortes, por mais tempo se a inflação não ceder ou se novas pressões surgirem.
O sinal que fica é de que, embora o corte seja reconhecimento do enfraquecimento no emprego, a Fed está se afastando de uma posição de corte automático.
A leitura geral é de que o atual momento exige que investidores e empresas ajustem as expectativas de que o corte de 0,25 pp já dado pode ter sido ser o último deste ciclo, ou pelo menos será seguido de uma pausa, até que as condições da economia fiquem mais claras.
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