Drones russos na Polônia podem escalar guerra na Ucrânia?
Primeiro-ministro da Polônia, Donald Tusk, acionou o Artigo 4 da Otan

Cerca de vinte drones russos invadiram o território da Polônia na noite desta terça, 9.
Alguns chegaram a penetrar cerca de 300 quilômetros no território polonês.
Caças poloneses e holandeses abateram vários desses veículos não tripulados. Houve ainda ajuda de um sistema de defesa antiaérea alemão e de um avião-radar da Itália.
Drones e mísseis russos já tinham caído em território polonês antes, mas foram casos isolados.
A quantidade de drones desta vez — que alguns veículos falam em 19, outros em 23 — atesta que não foi um erro ou um efeito colateral da guerra na vizinha Ucrânia, mas uma ação deliberada da ditadura de Vladimir Putin.
O caso pode escalar a guerra para outro nível, com envolvimento direto da Organização do Tratado do Atlântico Norte, a Otan, uma vez que a Polônia integra o grupo.
Artigo 5º
Em seu artigo 5º, a Otan estabelece que um ataque a um de seus membros deve provocar a reação coletiva de todos os seus membros.
O primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, solicitou formalmente a invocação do Artigo 4 da Otan, que é um passo anterior.
O Artigo 4 permite a convocação dos membros da aliança militar para negociações urgentes, quando um membro teme que sua segurança esteja em risco.
Nesta quarta, 10, Tusk publicou uma mensagem nas redes sociais agradecendo a solidariedade de outros líderes europeus. Entre eles, citou o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que não integra a aliança.
"Nas minhas conversas de hoje com [o francês] Emmanuel Macron, [o britânico] Keir Starmer, o [ucraniano] Volodymyr Zelensky, a [italiana] Giorgia Meloni, o [alemão] Friedrich Merz, o [holandês] Dick Schoof e o secretário-geral da Otan [Mark Rutte], aceitei não apenas expressões de solidariedade com a Polônia, mas sobretudo propostas de apoio concreto à defesa aérea do nosso país."
Mark Rutte (foto), secretário-geral da Otan, divulgou um vídeo sobre o encontro.
"Os aliados expressaram solidariedade com a Polônia e denunciaram o comportamento irresponsável da Rússia", afirmou Rutte. "O que está claro é que a violação na última noite não foi um incidente isolado."
O que Putin quer
Putin parece se sentir empoderado, após as conversas diretas que teve com o presidente americano Donald Trump, no Alasca.
Com o ataque, o russo busca demover os europeus de enviarem equipamentos militares para a Ucrânia.
E talvez o russo esteja querendo ampliar as desavenças entre americanos e europeus.
Trump tem sido refratário em relação a envolver os Estados Unidos em novas guerras.
Para acionar o Artigo 5, não é necessário ter o aceite de todos os seus membros, mas a Otan costuma se mover por unanimidade.
Além disso, iniciar uma guerra maior com a Rússia sem o apoio americano traria um risco para os líderes europeus, tanto externo como interno.
Ainda que a população europeia seja majoritariamente contra Putin, a Europa já foi palco de duas guerras mundiais e está hoje em uma condição econômica precária, de baixo crescimento.
Iniciar uma nova guerra traria custos elevados para a população, que poderia reagir contra os seus governantes.
Esse é um medo que Putin não tem, pois governa seu país de forma autoritária e sem oposição.
Putin, assim, deve continuar batendo. E a Europa deve seguir apanhando. Enquanto os Estados Unidos se fazem de desentendidos.
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