Divulgação/Governo de SP

Ações da Lava Jato de SP assombram tucanos às vésperas da eleição

18.07.20 08:11

Até o último mês, os tucanos comemoravam o fato de a Lava Jato de São Paulo não ter alcançado os principais líderes da legenda. Internamente, a aposta era que as denúncias cairiam no esquecimento e que, provavelmente, os crimes imputados aos caciques do partido prescreveriam.  O quadro mudou. Ações recentes da Polícia Federal e do Ministério Público Federal contra dois expoentes da legenda passaram a assombrar o PSDB às vésperas da eleição municipal.

A última ofensiva da Lava Jato de São Paulo deve provocar uma baixa na campanha do prefeito Bruno Covas (foto), que tentará a reeleição em novembro. Após ser indiciado pela PF por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e caixa dois no esquema da Odebrecht, o ex-governador Geraldo Alckmin é pressionado a desistir de ser o coordenador do plano de governo do atual prefeito.

A ideia era prestigiar Alckmin com a função após o pífio desempenho que o ex-governador teve na última eleição presidencial. Mas depois da conclusão da PF pelo indiciamento do tucano, acusado de ter recebido 10,3 milhões de reais de caixa dois nas eleições de 2010 e 2014, Bruno Covas sinalizou para Alckmin sair de cena, segundo aliados do prefeito.

No início do mês, a imagem do partido já tinha sido severamente arranhada com a denúncia da Lava Jato contra o senador José Serra, acusado de lavagem de dinheiro por meio de uma contra controlada pela filha dele na Suíça. Segundo o MPF, o dinheiro que irrigou a conta de Verônica Serra foi pago pela Odebrecht, por meio de um operador tucano. Extratos obtidos por Crusoé indicam que parte da transações está relacionada a contratos da Alstom, multinacional francesa acusada de comandar o cartel de trens nos governos do PSDB paulista.

Embora a Operação Lava Jato tenha nascido em março de 2014, a força-tarefa de São Paulo só foi criada em julho de 2017, após o envio de dezenas de inquéritos abertos no Supremo Tribunal Federal e no Superior Tribunal de Justiça a partir das delações dos executivos da Odebrecht. Até então o principal alvo ligado aos tucanos tinha sido o engenheiro Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto. Ex-diretor da Dersa, ele foi o único nome ligado ao PSDB paulista preso e condenado por corrupção. Paulo Preto é acusado de ter recebido propina das empreiteiras que construíram o Rodoanel no governo Serra (2007-2010).

As investigações sobre Paulo Preto chegaram até outro expoente tucano, o ex-senador e ex-ministro Aloysio Nunes, amigo e padrinho político do engenheiro e operador tucano. Aloysio estava empregado no governo de João Doria até fevereiro do ano passado, quando pediu demissão após a PF cumprir mandado de busca e apreensão em sua casa.

Embora seja bem mais jovem do que os caciques tucanos, Bruno Covas é um retrato do chamado “velho PSDB”, ala preterida pelo governador João Doria. Nomes da atual gestão, como os secretários Edson Aparecido, Bruno Caetano e Marcus Sinval, passaram pelos governos Alckmin e Serra. O atual secretário de Justiça, Rubens Rizek, foi o coordenador financeiro da campanha de Aloysio em 2010, responsável pela arrecadação de doações de grandes empresas que estão hoje sob suspeita.

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