Crusoé nº 396: A hora e a vez da isentolândia
Brasileiros que não são bolsonaristas nem lulistas têm a melhor chance para deixar a polarização para trás. E mais: Briga de comadres
Ao investir com um ferro de solda contra a tornozeleira eletrônica, o ex-presidente Jair Bolsonaro apressou o fim de um ciclo no Brasil, em que ele e seus filhos se contrapunham ao petista Lula e impediam a emergência de uma terceira opção na política.
Fechado em uma sala da Superintendência Polícia Federal, em Brasília, Jair Bolsonaro terá ainda menos oportunidade para interferir na política brasileira, algo que já não estava conseguindo fazer de sua casa.
Seus filhos não são uma opção. Dos Estados Unidos, Eduardo brigou com todo mundo na direita e não teve o apoio de ninguém para sua pré-candidatura presidencial. Flávio Bolsonaro, que estava sendo apresentado como um possível presidenciável ou candidato a vice, entrou na mira do Supremo Tribunal Federal (STF) e da Polícia Federal (PF) após convocar uma vigília para o pai.
Lula tampouco tem o que comemorar com a triste sina da família Bolsonaro. O petista só venceu em 2022 porque atraiu os votos daqueles que tinham ojeriza por Jair Bolsonaro. Sem poder apostar na polarização contra a "extrema-direita antidemocrática", o presidente terá de vencer pelos seus próprios méritos.
O Brasil, assim, pode estar caminhando para uma mudança no cenário político, hoje dominado pelo binarismo de bolsonaristas e lulistas, diz Duda Teixeira em "A hora e a vez da isentolândia", a reportagem de capa da edição desta semana de Crusoé.
Outros destaques de Crusoé
Em "Briga de comadres", Wilson Lima conta como os presidentes da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), se distanciam do Planalto em jogo duplo de olho em 2026.
Na matéria "Uma semana de cárcere", Guilherme Resck mostra como o recolhimento de Jair Bolsonaro (PL) na Polícia Federal intensifica movimentos, revela dessensibilização e traz dúvidas sobre saúde.
Em "O braço violento de Maduro na América Latina", João Pedro Farah explica como o Trem de Aragua saiu dos presídios venezuelanos e se tornou o braço criminoso internacional do chavismo.
Colunistas
Nesta edição, escrevem Dennys Xavier (Crônica estoica: a brevidade da vida), Letícia Barros (Lula e o Clube do Bolinha do STF), Márcio Coimbra (Sanae Takaichi e o fim da era da timidez diplomática de Tóquio), Clarita Maia (O ponto cego da CPI do Crime Organizado), Roberto Reis (O mercado de chão de fábrica em campanhas eleitorais), Josias Teófilo (O cinema contrarrevolucionário) e Rodolfo Borges (O perfume de Bielsa).
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