Críticas e voto de desconfiança: os desafios de Ursula von der Leyen no Parlamento Europeu
Recentemente, von der Leyen se viu diante de um voto de desconfiança na instituição, mas superou o desafio

Há quase um ano, Ursula von der Leyen celebrava uma importante vitória ao ser reeleita presidente da Comissão Europeia, conquistando 401 dos 707 votos disponíveis no Parlamento Europeu. No entanto, a atmosfera de celebração rapidamente se dissipou.
Recentemente, von der Leyen se viu diante de um voto de desconfiança na instituição. A sua derrota não apenas a obrigaria a renunciar, mas também colocaria em risco toda a Comissão Europeia, o que poderia levar a uma crise institucional significativa.
Como previsto, von der Leyen superou o desafio, recebendo 360 votos contrários contra 175 favoráveis ao pedido de desconfiança.
No entanto, o evento e as discussões que o precederam revelaram um crescente descontentamento entre os seus antigos aliados – os Verdes, os Social-Democratas e os Liberais – em relação à sua liderança e à atuação da sua franja política, a União Europeia Popular (EVP).
A decepção das forças progressistas
O pedido de desconfiança foi apresentado por Gheorghe Piperea, uma figura marginal no Parlamento Europeu e membro da Aliança para a União dos Rumenos (AUR), um grupo de direita nacionalista associado ao bloco dos Conservadores e Reformistas Europeus (EKR).
Piperea acusou von der Leyen de má gestão da pandemia de Covid-19 e de interferência nas eleições presidenciais romenas de maio passado.
Embora o deputado romeno tenha conseguido apenas 77 assinaturas para seu pedido – cinco a mais do que o mínimo necessário – a discussão sobre o tema mobilizou uma intensa deliberação no Parlamento.
As críticas dos representantes da direita foram previsíveis, ressaltando que a presidente e sua Comissão estão distantes das realidades enfrentadas pelos cidadãos.
Contudo, as críticas mais contundentes vieram dos Liberais, Social-Democratas e Verdes.
Durante seu primeiro mandato, von der Leyen havia conseguido moldar políticas significativas, como o Green Deal, um conjunto de iniciativas destinado a tornar a Europa neutra em carbono até 2050. Contudo, atualmente, essa proposta enfrenta resistência considerável do setor econômico, que a considera excessivamente burocrática e onerosa para as empresas.
Em resposta às crescentes objeções, a Comissão já implementou alterações no Green Deal. Essa mudança foi percebida como uma traição por parte dos seus aliados progressistas, que tinham apoiado sua reeleição na expectativa de continuidade em suas promessas ambientais.
Mudanças no cenário político
As recentes eleições europeias indicaram uma alteração nas dinâmicas de poder dentro do Parlamento. Os partidos autodenominados centristas perderam apoio popular e enfrentam dificuldades para aceitar essa nova realidade política.
Antes do voto de desconfiança, von der Leyen fez uma concessão aos seus críticos: garantiu que o fundo social continuaria ativo na próxima legislatura orçamentária, prevista para 2028. Esse fundo é essencial para financiar programas de formação para jovens em situação de vulnerabilidade.
Embora essa concessão não fosse estritamente necessária para assegurar sua permanência na presidência da Comissão, ela teve como objetivo evitar que uma quantidade significativa de abstenções se convertesse em um triunfo para os parlamentares mais à direita.
As divergências entre a EVP e os Verdes, Liberais e Social-Democratas provavelmente persistirão nos próximos meses, especialmente em questões relacionadas à migração e ao meio ambiente.
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