Crise política na Alemanha: queda de ministro e eleições antecipadas
O chanceler alemão, Olaf Scholz (SPD), demitiu o ministro das Finanças, Christian Linder (FDP) na noite de quarta-feira, 6 de novembro, e anunciou que se submeterá a um voto de confiança, que deverá levar a eleições antecipadas
O chanceler alemão, Olaf Scholz (SPD), demitiu o ministro das Finanças, Christian Linder, do Partido Liberal Democrático (FDP) na noite de quarta-feira, 6 de novembro e anunciou que deve se submeter a um voto de confiança em janeiro de 2025. Essa votação abre caminho para que eleições antecipadas sejam realizadas até o fim de março.
A próxima eleição federal na Alemanha está prevista apenas para setembro de 2025, mas eleições antecipadas podem ser realizadas durante crises políticas, quando o chefe de governo, o chanceler federal, perde seu apoio no parlamento, como aconteceu recentemente na França de Emmanuel Macron.
As eleições antecipadas têm sido extremamente raras na Alemanha, mas é uma medida democrática e constitucional, que exige a aprovação de vários órgãos, inclusive do chefe de Estado, o presidente.
"Como chanceler federal, não posso tolerar isso"
Lindner havia escrito um documento com propostas para "uma reviravolta econômica” incluindo redução de impostos para empresas, revisão de regulamentações climáticas e cortes em benefícios sociais. As propostas foram vistas como uma provocação.
Os liberais são favoráveis à diminuição dos gastos estatais e a cortes nos impostos. O Estado só deve intervir na economia em casos excepcionais e conter os seus gastos o máximo possível. Durante a campanha eleitoral, o partido prometeu reorganizar o Orçamento e cumprir o chamado freio do endividamento, incluído em 2009 na Lei Fundamental (Constituição) alemã com o objetivo de reduzir a dívida pública.
Nos últimos três anos seu Partido Social Democrata (SPD) governou ao lado dos Verdes e do Partido Liberal Democrático (FDP), de Lindner. Mas a frustração do chanceler federal com a postura de Lindner ficou evidente quando ele anunciou oficialmente a sua demissão e declarou: "Como chanceler federal, não posso tolerar isso."
Friedrich Merz (CDU)
O líder da oposição alemã Friedrich Merz (CDU) se opôs, porém, ao cronograma estabelecido pelo chanceler Olaf Sholz em entrevista coletiva
O líder da oposição de centro-direita da Alemanha liderou os apelos para que um voto de confiança imediato fosse realizado no parlamento e não em Janeiro, a fim de evitar meses de paralisia política após o colapso da coalizão governante de Olaf Scholz.
Friedrich Merz, presidente do partido da ex-chanceler Angela Merkel, a União Democrata Cristã (CDU), deve se dar bem com os desenvolvimentos políticos em Berlim, pois está em uma posição forte para se tornar o próximo líder do país.
O líder da oposição disse aos repórteres que seu grupo parlamentar concordou unanimemente que Scholz deveria agendar o voto de confiança para a próxima semana “no máximo”, após o qual o presidente do país, Frank-Walter Steinmeier, teria 21 dias para dissolver a câmara baixa do parlamento, o Bundestag. Isso provavelmente levaria a uma eleição antecipada no final de janeiro.
Merz disse que essas três semanas poderiam ser usadas construtivamente para determinar se havia um ponto em comum entre sua CDU e os partidos restantes do governo, os Social-democratas (SPD) de Scholz e os Verdes, para lidar com questões urgentes, incluindo o próximo orçamento federal.
A ministra das Relações Exteriores, Annalena Baerbock, dos Verdes, na emissora pública ARD, defendeu o cronograma designado por Scholz como "abrindo caminho para uma transição ordenada", incluindo tempo para os partidos apresentarem seus argumentos aos eleitores em uma campanha eleitoral.
Risco dos extremos
O partido de extrema direita Alternative für Deutschland, que agora está com cerca de 17% nas pesquisas, logo à frente do SPD de Scholz, deve ganhar com a turbulência política e também está pressionando por novas eleições o mais rápido possível.
Em um sinal de quão avassaladora a crise política provavelmente será para a potência da UE, a equipe de Scholz confirmou que ele cancelou seu plano de comparecer à cúpula climática Cop29 em Baku na próxima semana.
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