Como três guerras se conectam: Líbano, Ucrânia e Síria
O ditador Bashar Assad não tem mais como receber a mesma ajuda militar de aliados. O caminho para Damasco pode estar aberto para os terroristas do HTS
O grupo terrorista Hayat Tahrir al-Sham, HTS, conquistou toda a cidade de Aleppo, segunda maior cidade do país, e em algum momento seguirá no caminho para Damasco.
O principal objetivo do HTS é derrubar o ditador Bashar Assad e instalar um governo regido pela lei islâmica, a sharia.
As chances de isso ocorrer existem, principalmente porque essa guerra está profundamente conectada com outras duas: no Líbano e na Ucrânia.
Hezbollah e Irã
A investida do HTS neste momento tem relação direta com os ataques israelenses ao grupo terrorista libanês Hezbollah, apoiado pelo Irã.
Em mais de um ano de guerra, as Forças de Defesa de Israel, FDI, eliminaram mais de 4 mil terroristas e toda a cadeia de comando do grupo, incluindo o secretário-geral Hassan Nasrallah.
Isso prejudicou muito a capacidade militar do Hezbollah, sendo que esse grupo foi um dos principais responsáveis por manter Bashar Assad no poder, em 2016.
As FDI também destruíram seguidamente armazéns de armas do Hezbollah dentro da Síria, o que afetou bastante a capacidade militar do grupo.
Com isso, fica impossível para Assad contar com soldados bem armados e treinados.
É por isso que não houve até agora tentativa de reconquistar Aleppo. Não há homens para cumprir essa missão.
Rússia
Para se manter no poder, Assad também contou com 5 mil soldados russos e bombardeios aéreos feitos por aviões russos.
Após a Primavera Árabe, que começou em 2011, na Síria, o ditador Vladimir Putin aproveitou a guerra no país para aumentar sua influência no Oriente Médio.
Com isso, a Síria atualmente é uma grande área de influência russa.
O país tem uma base militar russa e há várias famílias formadas entre militares russos e mulheres sírias.
Mas a Rússia agora está envolvida na guerra da Ucrânia e só tem condições de dar apoio aéreo a Assad.
Quem mais sente a ação do Kremlin, como sempre, são os civis, seguidamente bombardeados por aviões russos (foto).
A Rússia não tem condições de enviar homens para defender Assad, tanto que este ano precisou pedir ajuda ao ditador norte-coreano Kim Jong-un.
Estima-se que 10 mil soldados norte-coreanos foram enviados para lutar na província de Kursk, na Rússia, contra ucranianos.
No início da invasão russa à Ucrânia, Putin cogitou pagar para terroristas islâmicos atuarem como mecenários.
Mas poucos aceitaram o convite, uma vez que a guerra na Ucrânia não envolve valores islâmicos e, com isso, tem apelo menor.
Esforço diplomático
Ao se ver sem defesas, Assad fez um esforço diplomático para contactar representantes do Irã e da Rússia.
Todos prometeram ajuda.
O problema é que Rússia, Irã e Hezbollah não estão com as mesmas condições de antes para defender o aliado Assad.
O caminho para Damasco pode estar se abrindo para os terroristas do HTS.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)